O grupo islamita palestiniano Hamas qualificou como “chantagem inaceitável” a ordem de Israel para o corte imediato do fornecimento de eletricidade à Faixa de Gaza, anunciada este domingo, com vista à libertação de mais reféns.
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“Cortar a eletricidade, encerrar passagens fronteiriças, interromper a ajuda, o socorro e o combustível e deixar morrer de fome o nosso povo constitui um castigo coletivo e um crime de guerra em toda a linha”, defendeu o Hamas, num comunicado citado pela agência EFE, em referência a uma ordem anterior de Israel, que bloqueou a entrada de qualquer tipo de ajuda ou alimento em Gaza desde 02 de março.
O ministro israelita da Energia, Eli Cohen, anunciou, numa mensagem em vídeo divulgada na rede social X (antigo Twitter), ter ordenado hoje o corte imediato do fornecimento de eletricidade à Faixa de Gaza por parte da Corporação Elétrica de Israel.
O governante referiu que Israel utilizará “todos os meios à sua disposição para garantir o regresso de todos os reféns israelitas” e que “o Hamas não permanecerá em Gaza depois da guerra”.
Para aquele grupo islamita, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, “procura travar o acordo [de cessar-fogo], que o mundo testemunhou, tentando impor um novo guião que sirva os seus interesses pessoais à custa das vidas dos prisioneiros da ocupação [reféns israelitas] e sem ter em conta os pedidos das suas famílias”.
Centenas de israelitas voltaram a manifestar-se hoje em frente ao Ministério da Defesa, em Tel Aviv, exigindo que Netanyahu se comprometa a manter o acordo que permita a libertação dos mais de 60 reféns que ainda estão em Gaza.
Israel irá enviar na segunda-feira uma delegação a Doha para discutir o cessar-fogo em Gaza, a convite dos mediadores norte-americanos, anunciou no sábado o Governo israelita, em comunicado.
O Hamas reiterou na quinta-feira o seu compromisso com as negociações para a segunda fase do acordo de cessar-fogo, dado o aparente impasse nas negociações indiretas com Israel.
A parte israelita defende um prolongamento da primeira fase do acordo até meados de abril e exige a “desmilitarização total” da Faixa de Gaza, a saída do Hamas do território e o regresso dos últimos reféns antes de se passar à etapa seguinte.
O Hamas, por sua vez, exige a implementação da segunda fase do acordo, que deverá conduzir a um cessar-fogo permanente, e insiste em permanecer na Faixa de Gaza, onde governa desde 2007.