O Hamas pretende alterar algumas cláusulas do plano para Gaza do presidente norte-americano, Donald Trump, nomeadamente sobre o desarmamento, afirmou hoje à AFP uma fonte palestiniana próxima da direção do movimento islamita.
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Segundo a fonte que falava à agência noticiosa France-Presse (AFP), os negociadores do movimento islamita reuniram-se terça-feira, em Doha com mediadores do Qatar e do Egito, bem como com responsáveis turcos.
Sob anonimato, a fonte adiantou que o Hamas, tal como já tinha assumido terça-feira, necessita de "dois ou três dias, no máximo", para apresentar a sua resposta.
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O plano do presidente norte-americano, aprovado pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prevê um cessar-fogo, a libertação de todos os reféns detidos pelo Hamas, o desarmamento do movimento e uma retirada progressiva de Israel da Faixa de Gaza.
Contudo, segundo a fonte, o Hamas "pretende alterar algumas cláusulas, como a do desarmamento e a expulsão de dirigentes do Hamas" para fora do território.
Os líderes do movimento querem igualmente "garantias internacionais" de que Israel se retirará totalmente da Faixa de Gaza e de que não haverá mais assassínios dentro ou fora do território, acrescentou.
Seis pessoas foram mortas em setembro num ataque israelita que teve como alvo responsáveis do Hamas reunidos em Doha para discutir uma proposta de cessar-fogo.
O Hamas está também em contacto com "outras partes regionais e árabes", disse a mesma fonte, sem dar pormenores.
Outra fonte próxima das negociações disse também à AFP que "existem duas posições no seio do Hamas" relativamente ao plano norte-americano.
A primeira, indicou, defende a aprovação incondicional, porque a prioridade é um cessar-fogo no quadro das garantias dadas por Trump, com mediadores a assegurar que Israel aplicará o plano.
A segunda, prosseguiu, manifesta sérias reservas relativamente a "cláusulas-chave", rejeitando o desarmamento e as expulsões, e dá prioridade a uma aprovação condicional, acompanhada de esclarecimentos que reflitam as exigências do Hamas e dos movimentos de resistência.
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Segundo as duas fontes citadas pela AFP, o Hamas e os movimentos a ele associados querem um cessar-fogo imediato, mas não à custa de comprometer princípios nacionais fundamentais.
A proposta de Trump, anunciada segunda-feira, prevê, além de um cessar-fogo imediato em Gaza e a retirada gradual do Exército israelita, a libertação total dos reféns em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinianos e o fornecimento de ajuda humanitária através das Nações Unidas.
O plano inclui também o desarmamento completo do Hamas, que seria excluído do governo da Faixa de Gaza, e o estabelecimento de um governo de transição composto por tecnocratas palestinianos e especialistas internacionais supervisionados por um "Conselho da Paz".
O acordo abre igualmente a porta à "possibilidade de autodeterminação e à criação de um Estado palestiniano", assim que a reconstrução da Faixa de Gaza progredir e as reformas na Autoridade Palestiniana forem implementadas.
A proposta de Trump foi apoiada por Netanyahu, que, no entanto, esclareceu horas depois que não apoiará a criação de um Estado palestiniano e que as tropas israelitas permanecerão mobilizadas "na maior parte" de Gaza.