Movimento islâmico explica que proposta israelita não contempla exigências feitas durante as negociações. Forças de Israel preparam-se para expulsar civis do Sul de Gaza.
Corpo do artigo
Continuam a decorrer, sob a mediação dos EUA, Catar e Egito, as negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, mas o Hamas voltou, esta terça-feira, a rejeitar uma proposta apresentada pela delegação israelita. O movimento islâmico comprometeu-se a "estudar" o documento, enquanto as Forças de Defesa de Israel (FDI) ultimam os pormenores para avançar com uma invasão a Rafah.
O Hamas explicou, num comunicado, que "aprecia" o esforço dos mediadores para que se alcance uma trégua, porém, acusou Israel de não atender a nenhum dos pedidos feitos no decurso do diálogo entre partes. A mais recente proposta do Estado hebreu contempla um cessar-fogo de seis semanas, período no qual seriam libertados alguns reféns, sobretudo mulheres e crianças, em troca da saída de 900 prisioneiros palestinianos das cadeias israelitas.
Apesar de o documento não apontar a retirada total das FDI da Faixa de Gaza, como o Hamas tinha reiterado, o grupo militar comprometeu-se a analisar os pontos em questão.
"A bola está nas mãos do Hamas", lembrou ontem Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, que se reuniu, em Washington, como o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron. O responsável norte-americano considerou que o movimento islâmico "pode acabar com tudo isto imediatamente", lembrando que "o Mundo está a observar" cada decisão.
Numa conferência de imprensa conjunta, Blinken revelou que o Governo de Benjamin Netanyahu não avisou os EUA sobre a data em que planeia avançar com uma invasão à cidade de Rafah, embora o chefe do Executivo tenha confirmado anteontem que o vai fazer em breve.
Caso não haja fumo branco nas negociações em curso, as FDI avançam com uma ofensiva terrestre em Rafah, que, de resto, tem vindo a ser arquitetada nos últimos dias.
Tendas para civis
Depois de uma retirada de Khan Younis - que impulsionou um regresso da população à cidade -, as forças israelitas estão agora a reorganizar-se no Sul da Faixa de Gaza, movendo esforços em torno da presumível operação que se segue.
De acordo com o jornal "The Times of Israel", o Executivo de Telavive está a comprar cerca de 40 mil tendas para a preparar a retirada de milhares de palestinianos de Rafah, ainda antes de dar início aos esperados combates, que, segundo Netanyahu, têm como objetivo obter uma vitória sobre o Hamas.
O porta-voz do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Jens Laerke, denunciou ontem que, a par disto, Israel tem bloqueado a entrada de alimentos em Gaza, numa altura em que "70% da população enfrenta fome severa", cita o "The Guardian".