O Hamas rejeitou, esta quarta-feira, a mais recente contraproposta israelita em negociações indiretas que visam restaurar uma trégua em Gaza e libertar reféns israelitas em troca de prisioneiros palestinianos, de acordo com duas autoridades do movimento islamita palestiniano.
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"O Hamas decidiu não dar seguimento à última proposta israelita apresentada através de mediadores", realçou uma das autoridades do Hamas, que falou à agência France-Presse (AFP) sob anonimato, acusando Israel de "obstruir uma proposta do Egito e do Catar e de tentar inviabilizar qualquer acordo".
Confirmando a recusa do movimento islamista palestiniano em discutir a última oferta israelita, outro responsável do Hamas apelou aos "mediadores e à comunidade internacional para obrigarem [Israel] a comprometer-se com a proposta dos mediadores".
Após uma trégua de dois meses em Gaza e várias semanas de negociações infrutíferas sobre a forma de a prolongar, Israel retomou os seus bombardeamentos e ofensiva militar em Gaza em 18 de março, alegando que a pressão militar era a única forma de obrigar o Hamas a devolver os cerca de sessenta reféns que ainda mantém, vivos ou mortos.
No sábado, o principal negociador do Hamas disse que o movimento tinha aprovado uma nova proposta de cessar-fogo em Gaza apresentada pelos mediadores.
Rejeitando implicitamente os termos desta oferta, o gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, indicou que Israel tinha "transmitido aos mediadores uma contraproposta em total coordenação com os Estados Unidos".
De acordo com a principal autoridade do Hamas, a proposta egípcia e catariana prevê um cessar-fogo de 50 dias, durante o qual o Hamas libertaria "cinco soldados israelitas", incluindo um com nacionalidade norte-americana, em troca da libertação de 250 palestinianos presos por Israel, incluindo 150 condenados a prisão perpétua.
Israel libertaria também dois mil palestinianos capturados pelo exército israelita na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023, data do sangrento ataque do Hamas em território israelita que desencadeou a guerra.
Segundo a mesma fonte, a proposta aceite pelo Hamas inclui ainda a retirada do exército israelita das zonas de Gaza para onde foi transferido desde 18 de março e o envio de ajuda humanitária para o território palestiniano cercado, que está sujeito a um bloqueio total por parte de Israel desde 2 de março.
A primeira fase da trégua, que entrou em vigor a 19 de janeiro, permitiu o regresso a Israel de 33 reféns israelitas, incluindo oito mortos, em troca da libertação de cerca de 1800 detidos palestinianos.
Dos 251 reféns feitos durante o ataque de 7 de outubro, 58 ainda estão mantidos em território palestiniano, incluindo 34 mortos, segundo o exército israelita.