O Hamas não vai realizar uma cerimónia pública de entrega dos corpos de quatro reféns a Israel, esta quarta-feira à noite.
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“A entrega dos quatro corpos ocorrerá sem qualquer presença pública para evitar que a ocupação [Israel] tenha qualquer desculpa para atrasar ou obstruir” a libertação dos prisioneiros palestinianos, disse fonte do Hamas à agência francesa AFP sob a condição de não ser identificada.
“No âmbito do acordo (de cessar-fogo), as Brigadas Ezzedine al-Qassam decidiram entregar esta noite os corpos de quatro reféns”, declarou o movimento, indicando os nomes dos reféns. Segundo a agência EFE, serão entregues os corpos de Itzik Elgarat, de 70 anos, Ohad Yahalomi, de 50, Shlomo Mansur, de 85, e Tsahi Idan, de 50.
Israel confirmou a devolução dos corpos “sem cerimónias pelo Hamas”, num comunicado divulgado pelo gabinete do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
“De acordo com as exigências israelitas, foi alcançado um acordo com os mediadores: os nossos quatro reféns falecidos serão devolvidos esta noite como parte da primeira fase (do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza), segundo um procedimento acordado e sem cerimónias do Hamas”, lê-se na nota.
Israel deveria ter libertado mais de 600 palestinianos no domingo, 22 de fevereiro, em troca de seis reféns entregues pelo Hamas no sábado. Mas as autoridades israelitas cancelaram a libertação à última hora e exigiram o fim das “cerimónias humilhantes” organizadas pelo grupo radical para cada libertação de reféns.
Em resposta, o movimento islamita acusou Israel de “pôr seriamente em causa todo o acordo de tréguas” e apelou para a intervenção dos países mediadores, Estados Unidos, Qatar e Egito.
Desde a entrada em vigor do cessar-fogo em Gaza, em 19 de janeiro, após 15 meses de guerra, todas as semanas são trocados reféns raptados durante o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023 e prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
Em todas as ocasiões, com exceção da primeira libertação, o Hamas organizou encenações em diferentes partes do território palestiniano para entregar os reféns ao Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que os conduz às autoridades israelitas.
As cerimónias incluem a condução dos reféns escoltados por homens armados e encapuzados até um palco, onde são obrigados a falar ao microfone perante uma multidão para dizer que foram bem tratados pelos raptores. O CICV apelou várias vezes ao Hamas para que procedesse às libertações “com dignidade e discrição”, apelos que foram ignorados pelo grupo palestiniano.
Em 20 de fevereiro, o Hamas organizou uma cerimónia de entrega dos restos mortais dos reféns em caixões, o que suscitou muitas críticas, nomeadamente por parte da ONU.
No total, 25 reféns israelitas vivos e quatro mortos foram devolvidos a Israel desde o início da trégua, de um total de 33 previstos durante a primeira fase do acordo, em troca de cerca de 1100 palestinianos de um total de 1900.
A três dias do fim da primeira fase do acordo de cessar-fogo, ainda não foram negociados os termos da segunda fase, que deveria pôr termo à guerra.
O enviado do presidente norte-americano, Donald Trump, para o Médio Oriente, Steve Witkoff, disse na terça-feira à noite que havia “grandes progressos” no sentido de retomar as negociações.