Universidade norte-americana corre o risco de perder milhões em apoios federais e de não receber novos estudantes estrangeiros após rejeitar exigências da Administração do presidente Donald Trump.
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A Universidade de Harvard tornou-se o mais recente alvo da administração Trump, que quer alterar as lideranças da entidade, supervisionar os processos de admissão de estudantes e de contratação de professores. Perante a rejeição da instituição de Massachusetts, o Governo federal dos Estados Unidos planeia suspender fundos, acabar com a isenção de impostos e impedir a matrícula de estudantes estrangeiros.
Washington enviou uma carta a Harvard, na sexta-feira, a exigir que a universidade diminua o poder dos professores não efetivos e dos estudantes, que retire quotas para a contratação de funcionários e para a admissão de estudantes, e que acabe com os programas de diversidade, equidade e inclusão. A administração Trump quer uma mudança na avaliação de estudantes internacionais, com a instituição de ensino a reportar qualquer estrangeiro que viole a sua conduta. O Governo impôs ainda que terceiros avaliem e que Harvard reporte o progresso nas reformas, protegendo pessoas que fizerem denúncias de não cumprimento das medidas.
Protestos como alvo
A purga visa principalmente os estudantes que participaram em protestos pró-Palestina, que a Casa Branca acusa de promoverem o antissemitismo. Esta não foi a primeira instituição afetada pelo Executivo federal, com a Universidade de Columbia a ter cedido à intervenção no seu Departamento de Estudos sobre o Médio Oriente após a ameaça do congelamento de 400 milhões de dólares em financiamento. A universidade, em Nova Iorque, que viu o interlocutor estudantil palestiniano Mahmoud Khalil detido e sob risco de deportação, poderá agora ficar sob supervisão judicial durante anos, segundo fontes ouvidas pelo jornal “The New York Times”.
Num caminho divergente, o presidente de Harvard afirmou, na segunda-feira, que “a prescrição da administração vai para além do poder do Governo federal”. “Nenhum Governo – independentemente do partido no poder – deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar e quais as áreas de estudo e investigação que podem prosseguir”, destacou Alan Garber.
Trump, que ordenara, no final de março, a revisão de 8,7 mil milhões de dólares em subsídios e contratos do Governo dos EUA com Harvard, exigiu esta semana a suspensão de 2,2 mil milhões em fundos para a instituição, que considera ser uma “piada”. O Departamento de Segurança Interna norte-americano cancelou 2,7 milhões de dólares em bolsas de investigação e ameaçou proibir a matrícula de novos estudantes internacionais – que representam 27% do corpo estudantil.
Isenções sob risco
O presidente dos EUA ordenou a retirada da isenção fiscal de Harvard, que é considerada uma instituição educacional sem fins lucrativos. Apesar de o canal CNN e o diário “The Washington Post” avançarem que a autoridade tributária norte-americana está a fazer planos para cumprir com a determinação de Trump, o vice-secretário de Imprensa da Casa Branca, Harrison Fields, frisou à France-Presse que qualquer decisão da agência será feita de forma independente.