O secretário-geral do movimento xiita libanês Hezbollah, Naim Qasem, rejeitou o prolongamento do cessar-fogo com Israel no Líbano e exigiu a retirada das tropas israelitas de todos os territórios ocupados no sul do país.
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“Não aceitamos a prorrogação do prazo de retirada israelita, nem por um dia”, afirmou o líder do Hezbollah, num discurso transmitido pela estação de televisão Al-Manar, voz do grupo xiita libanês, onde avançou que Israel se deve "retirar após o prazo dos 60 dias” do cessar-fogo inicialmente acordado.
O líder do Hezbollah sublinhou ainda que a violação do acordo por Israel constitui a confirmação de que o Líbano necessita do movimento armado xiita, que considera que as suas ações são parte integrante da resistência à ocupação israelita do sul do Líbano.
“As violações do acordo de cessar-fogo confirmam a necessidade de resistência do Líbano”, salientou Qasem.
Israel retirou-se da maior parte do setor oriental do Líbano, mas continua presente em várias partes do sudoeste do país, muito embora o acordo de cessar-fogo estipule a retirada das tropas israelitas do sul do Líbano e a retirada do Hezbollah a norte do rio Litani, cerca de 30 quilómetros a norte da fronteira com Israel.
Israel e o Líbano acordaram estender o prazo para a retirada das tropas israelitas do sul do território libanês até 18 de fevereiro, anunciou o Governo norte-americano.
“O acordo entre o Líbano e Israel, monitorizado pelos Estados Unidos, irá continuar em vigor até 18 de fevereiro”, referiu a Casa Branca, acrescentando que os respetivos governos “irão iniciar negociações para o regresso de prisioneiros libaneses detidos depois de 7 de outubro de 2023”.
Israel tinha pedido mais tempo para a retirada das tropas, além do prazo de 60 dias estipulado no acordo de cessar-fogo que suspendeu a guerra entre Israel e o grupo xiita Hezbollah no final de novembro.
Quatro mil mortos
O secretário-geral do Hezbollah, Naim Qasem, responsabilizou a ONU e os Estados Unidos por “todas as repercussões provocadas pelo atraso da retirada israelita, que ontem [domingo] fez 24 mortos e 124 feridos que tentavam regressar às suas aldeias ocupadas no sul do Líbano”, e criticou o silêncio dos líderes internacionais sobre a prorrogação do acordo.
“Não ouvimos nenhuma crítica dos soberanos sobre as violações do cessar-fogo”, afirmou Qasam.
Ao mesmo tempo, acusou Israel de “crimes de guerra” devido às suas operações no país, que deixaram mais de quatro mil mortos e 16.638 feridos entre setembro e dezembro de 2024, quando o acordo já estava em vigor.
“Muitos pensaram que iríamos derrotar Israel com um golpe de misericórdia. O poder de dissuasão que acumulámos fez com que as pessoas acreditassem que o nosso poder militar está a um nível em que a dissuasão é sustentável”, afirmou.
Qasem lamentou a perda de um grande número de líderes do grupo xiita num curto espaço de tempo devido à “excecional superioridade militar israelita e norte-americana”.
O responsável do Hezbollah reiterou que o movimento tem demonstrado uma atitude tolerante face às violações israelitas da trégua, e sublinhou que “a resistência é uma opção política, nacional e humanitária para enfrentar a ocupação e libertar a terra ocupada”.