Um holandês foi condenado a três meses de prisão na Birmânia por ter desligado o altifalante de um templo budista, uma ofensa grave no país.
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"Klass Haytema foi condenado a três meses de prisão num campo de trabalho", declarou o juiz do tribunal de Mandalay, onde decorreu o julgamento.
Haytema, de 30 anos, foi condenado por "insulto à religião", crime punido no código penal birmanês e no qual incorre "quem perturbar voluntariamente uma assembleia que realiza pacificamente um culto religioso", de acordo com o artigo em questão.
O caso ocorreu em setembro quando, no momento do sermão budista de fim de semana, difundido por altifalantes, o holandês desligou os cabos de ligação entre o amplificador e os altifalantes de um templo próximo do hotel, desencadeando a fúria dos residentes de Mandalay, localidade turística birmanesa conhecida pelos múltiplos templos.
A multidão em fúria seguiu o holandês até ao hotel, onde foi detido e conduzido à prisão por militares.
Após décadas sob o regime da junta militar, a Birmânia (Myanmar), de maioria budista, abriu as suas fronteiras aos turistas nos últimos anos, interesse reforçado após a chegada ao poder do primeiro governo civil dirigido pela prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.
O país vive um aumento do budismo radical e, em 2012, a violência inter-religiosa causou 200 mortos, nomeadamente no oeste birmanês, onde reside uma importante comunidade muçulmana, sobretudo "rohingyas".
Liderado por monges extremistas, este movimento defende um boicote às empresas muçulmanas "para proteger" o budismo, religião de mais de 90% da população birmanesa.
Em julho, um turista espanhol foi expulso por exibir uma tatuagem de buda na perna, parte do corpo considerada demasiado impura para uma imagem religiosa.
Em 2015, um neo-zelandês e dois colegas birmaneses foram condenados, na Birmânia, a dois anos e meio de prisão, com trabalhos forçados, por insultos à religião depois de terem usado uma imagem de buda para promover o seu bar.