Os sadhus, homens santos do hinduísmo, não são obrigados a usar roupas num dos templos mais famosos do Nepal, determinou o Supremo Tribunal do país.
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Esses ascetas, com os cabelos emaranhados em rastas e o corpo coberto de cinzas, conhecidos como Naga sadhus - discípulos da divindade hindu Shiva -, ficaram satisfeitos com a decisão. Todos renunciaram a possuir qualquer bem material, incluindo roupas.
"Agradeço ao Supremo Tribunal", declarou Eakadasa Baba, de 45 anos, que chegou a pé da Índia para realizar uma peregrinação ao templo de Pashupatinath, considerado um dos lugares mais sagrados para os devotos de Shiva. "Isso não significa que andemos nus pela cidade ou pelas vilas. Estamos nus em casa ou dentro do templo".
A ordem do tribunal rejeitou, assim, um recurso que procurava proibir o acesso a este templo situado em Katmandu, a capital do Nepal, argumentando que a nudez incomodava os fiéis.
Foto: Prakash Mathema / AFP
Porém, o mais alto tribunal do Nepal considerou que a nudez, tradição milenar, não é obscena. "A nudez e a obscenidade não são a mesma coisa", declarou este tribunal numa decisão emitida no ano passado, mas publicada esta semana, segundo o porta-voz da instituição, Nirajan Pandey. "A nudez dentro de um contexto de tradição religiosa ou cultural não pode ser considerada automaticamente ofensiva".
Todos os anos, centenas de Naga sadhus chegam a Katmandu, a maioria vinda da Índia, por ocasião do festival Maha Shivaratri, que é celebrado em fevereiro ou março no templo de Pashupatinath.