A polícia sul-coreana encontrou o verdadeiro assassino em série que matou e violou 10 mulheres nas zonas rurais de Hwaseong, entre 1986 e 1991. Técnicas inovadoras de recuperação de ADN permitiram a identificação do verdadeiro criminoso, depois de um outro homem ter passado 20 preso injustamente.
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Mais de 30 anos depois de ter cometido o primeiro crime, um dos maiores assassinos em série da Coreia do Sul foi identificado pelas autoridades em 2019, graças a técnicas inovadoras de recuperação de ADN.
As provas recolhidas ligam Lee Chun-Jae, de 57 anos, a pelo menos três de dez violentos homicídios, que ocorreram entre 1986 e 1991, no sul de Seoul. Sob interrogatório, este admitiu assassinar as 10 mulheres em Hwaseong, além de quatro outros homicídios, informou a polícia, acrescentando que ele também violou outras 9 mulheres.
"As suas tendências psicopatas eram evidentes, pois não conseguia sentir empatia com a dor e os sofrimentos das vítimas", disse Bea Yong-ju, da Polícia de Gyeonggi, à AFP.
No espaço de cinco anos, a partir de 1986, 10 mulheres, com idades entre os 14 e os 71 anos, foram violadas e mortas nas zonas rurais de Hwaseong. Todas foram encontradas com os braços e as pernas amarradas com as próprias meias. Os cadáveres foram descobertos pelas autoridades num raio de três quilómetros.
Na altura, este processo teve número recorde de agentes da polícia a investigar um só caso, de contornos gigantescos: foram investigados cerca de 21 mil indivíduos e comparadas cerca de 20 mil impressões digitais sem sucesso.
Enquanto Lee Chun-Jae se encontrava à solta, um homem identificado como Yoon cumpriu 20 anos de prisão, depois de condenado em 1989 injustamente por violar e matar uma das 10 vítimas de Lee. Saiu da prisão em 2009 sob liberdade condicional e pediu um novo julgamento no ano passado e foi graças a esse pedido que a polícia descobriu o verdadeiro culpado (Lee Chun-Jae).
"Expresso as minhas profundas condolências às vítimas e às suas famílias, tal como àqueles que foram falsamente acusados como suspeitos bem como Yoon que foi injustamente condenado por uma das mortes e por não termos conseguido resolver este caso durante tanto tempo", disse o agente Bea Yong-ju, da Polícia de Gyeonggi, à AFP.
Relatos apontam para pelo menos quatro pessoas se tenham suicidado na década de 1990, depois de terem sido listadas como suspeitas do crime e alegadamente abusadas pela polícia durante interrogatórios violentos.
Em 2003, o caso serviu de inspiração para o filme "Memories of Murder", realizado e escrito pelo premiado realizador coreano Bong Joon-ho.
Atualmente, Lee cumpre pena de prisão perpétua por violar e assassinar a sua cunhada em 1994, mas não será processado por seus outros crimes, pois o prazo de acusação expirou, disse a polícia.