Um hospital britânico admitiu que usou as dificuldades de aprendizagem de um paciente com Síndrome de Down como um dos argumentos para emitir uma ordem para não fazer manobras de reanimação.
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Andrew Waters deu entrada num hospital de Margate, em Kent, com um quadro de demência e a equipa médica que o acompanhou emitiu uma ordem para não avançar com a reanimação do paciente, caso este desenvolvesse problemas cardíacos e respiratórios.
O facto de ter Síndrome de Down e dificuldades de aprendizagem foram motivos apresentados pelos médicos emitir a ordem, em 2011.
Agora, o hospital veio pedir desculpas à família e admitiu ter violado os direitos humanos de Andrew. "Serão tomadas medidas para garantir que isto não volte a acontecer", escreveu a East Kent Hospitals University NHS Foundation Trust em comunicado, divulgado na Imprensa britânica.
A família de Andrew, que morreu em maio daquele ano, sem a ordem tivesse sido aplicada, nunca pediu uma indemnização: "Tudo o que sempre quisemos foi um pedido de desculpas", disse o irmão, Michael Waters. "As pessoas com Síndrome de Down têm o mesmo direito a viver do que tu e eu", acrescentou.
O formulário que a equipa médica preencheu, justificando a decisão de não reanimar o paciente, foi encontrado dentro do saco com os pertences de Andrew. Nem a família nem os cuidadores foram consultados pelo hospital sobre a decisão.
"Não havia nenhum problema com a saúde do Andrew que interferisse com as manobras de reanimação", explicou o irmão. "Ninguém tem o direito de tomar uma decisão destas de uma forma tão vergonhosa", disse.