
A procura por computadores com capacidades de IA continuou a crescer e representou mais de 30% das remessas da HP no trimestre encerrado a 31 de outubro
Foto: Arquivo
A HP, fabricante norte-americana de computadores pessoais (PCs) e impressoras, revelou um plano de ajustes que prevê a saída de quatro a seis mil funcionários, cerca de 10% da sua força laboral, em paralelo com a introdução de novas iniciativas ligadas à Inteligência Artificial (IA).
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No relatório financeiro referente ao quarto trimestre fiscal, divulgado na noite de terça-feira, a empresa adiantou que pretende poupar até mil milhões de dólares (aproximadamente 865 milhões de euros) até ao exercício de 2028, embora preveja incorrer em custos de reestruturação na ordem dos 650 milhões de dólares (250 milhões no exercício atual).
"Estamos a executar a nossa estratégia para o futuro do trabalho e a acelerar a inovação com dispositivos baseados em IA e que proporcionam melhores experiências em todo o nosso portefólio", afirmou Enrique Lores, presidente e CEO da HP, durante a conferência com analistas que se seguiu à apresentação de resultados.
A diretora financeira, Karen Parkhill, citada pelo "El País", reforçou que a empresa está a investir para impulsionar a sua transformação interna: "Vemos uma grande oportunidade em integrar a IA em praticamente tudo o que fazemos, com o objetivo de melhorar a produtividade, acelerar a inovação e otimizar a experiência do cliente. Já identificámos áreas-chave que deverão gerar cerca de mil milhões de dólares em poupanças brutas até ao final do nosso ano fiscal de 2028", destacou.
As áreas de desenvolvimento de produto, operações internas e apoio ao cliente deverão ser as mais afetadas pelos cortes. Em fevereiro, a HP já havia despedido entre mil e dois mil funcionários no âmbito de um plano de reestruturação previamente divulgado.
Aumento dos custos impulsionado pela corrida à IA
A procura por computadores com capacidades de IA continuou a crescer e representou mais de 30% das remessas da HP no trimestre encerrado a 31 de outubro.
Contudo, o avanço global desta tecnologia está também a pressionar os custos. Analistas da Morgan Stanley alertam que a subida acentuada nos preços dos chips de memória, impulsionada pelo interesse crescente em centros de dados, poderá afetar as margens de lucro de fabricantes como a HP, Dell e Acer.
Segundo Enrique Lores, a HP espera sentir o impacto do aumento dos custos de produção na segunda metade do ano fiscal de 2026. "Estamos a adotar uma abordagem prudente em relação à segunda metade de 2026, ao mesmo tempo que implementamos ações agressivas, como qualificar fornecedores de menor custo, reduzir as configurações de memória e tomar medidas de ajuste de preços," explicou o CEO, citado pela CNN.
Uma tendência entre as gigantes tecnológicas
A HP junta-se assim a um número crescente de empresas tecnológicas norte-americanas que têm anunciado cortes de pessoal nos últimos tempos.
A Amazon revelou, no final de outubro, um ajuste global que afetará 14 mil trabalhadores da sua estrutura corporativa ainda este ano. Também a Meta confirmou, no final do mesmo mês, a saída de cerca de 600 funcionários da sua divisão de IA, numa tentativa de simplificar estruturas internas e aumentar a agilidade operacional.
A Apple, por sua vez, eliminou postos de trabalho na área de vendas numa tentativa de agilizar a forma como oferece produtos a empresas, escolas e governos, um movimento pouco comum para o fabricante do iPhone, segundo a Bloomberg. Os cortes estenderam-se a toda a organização de vendas embora a empresa não tenha confirmado o número de funcionários afetados.
