Astronautas da Índia, Polónia e Hungria descolaram, esta quarta-feira, rumo à Estação Espacial Internacional, numa missão privada americana que representa o regresso ao espaço das três nações após várias décadas.
Corpo do artigo
A missão Axiom 4, que também inclui uma astronauta americana, descolou da Flórida às 2.31 horas locais, a bordo de um foguete Falcon 9 da SpaceX, a empresa espacial de Elon Musk. O primeiro estágio reutilizável do Falcon 9 aterrou com sucesso na sua zona de pouso pouco depois.
A cápsula Crew Dragon que transporta o grupo vai acoplar-se à Estação Espacial Internacional na quinta-feira e permanecerá na estação espacial por até 14 dias. A tripulação é formada pelo piloto indiano Shubhanshu Shukla, o polaco Slawosz Uznanski-Wisniewski, o húngaro Tibor Kapu e a americana Peggy Whitson, ex-astronauta da NASA que agora trabalha para a Axiom Space, uma empresa americana que oferece serviços de voos espaciais privados.
Durante a estadia, os astronautas realizarão cerca de 60 experiências, principalmente com microalgas e tardígrados (animais microscópicos conhecidos como ursos d'água).
Inicialmente, a missão estava planeada para partir em 11 de junho, mas teve que ser adiada devido a uma fuga no foguetão.
Os voos espaciais anteriores de astronautas da Índia, Polónia ou Hungria aconteceram há mais de 40 anos.
"Um voo fantástico"
Esse voo representa um marco nas ambições espaciais de Nova Deli. "Foi um voo fantástico", disse Shubhanshu Shukla após a descolagem. "Este não é apenas o início da minha jornada para a Estação Espacial Internacional: é o início do programa espacial tripulado da Índia".
Shubhanshu Shukla "leva consigo os desejos, esperanças e aspirações de 1,4 mil milhões de indianos", escreveu o primeiro-ministro indiano Narendra Modi nas redes sociais
O piloto de 39 anos tornou-se o primeiro indiano na Estação Espacial Internacional e o segundo a entrar em órbita depois de Rakesh Sharma, que chegou à estação espacial soviética Salyut 7 em 1984.
Espera-se que a sua participação na missão Axiom seja um passo-chave para o primeiro voo tripulado que a Índia planeia realizar em 2027.
Os três países financiam a missão dos astronautas. Em 2022, a Hungria anunciou que pagaria 100 milhões de dólares (85,6 milhões de euros) pelo seu assento. A Índia e a Polónia não revelaram quanto desembolsaram para participar. No entanto, de acordo com meios indianos, Nova Deli gastou mais de 60 milhões de dólares (51,3 milhões de euros).
"Conseguimos!"
"Conseguimos! A Polónia alcançou as estrelas", escreveu o primeiro-ministro polaco Donald Tusk no X (antigo Twitter). "Quem sabe quantos futuros astronautas polacos assistiram ao lançamento do Slawosz comigo. Todos eles estavam muito animados e orgulhosos", continuou, numa publicação que incluía uma fotografia dele sentado com várias crianças no Centro de Ciências Copernicus, em Varsóvia.
"Mais uma vez, um astronauta húngaro está no espaço - uma fonte de imenso orgulho! Boa sorte para Tibor Kapu", escreveu o primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, no Facebook.
A missão ocorre após a explosiva disputa no início de junho entre o presidente norte-americano, Donald Trump, e Elon Musk, durante a qual o homem mais rico do mundo ameaçou desmantelar a sua cápsula Crew Dragon. Poucos dias depois, mudou de ideias.
Utilizada pela Axiom, a cápsula desempenha um papel crucial para a NASA por ser a única nave espacial americana autorizada a transportar astronautas para a Estação Espacial Internacional.
O conflito entre os dois colocou em evidência a interdependência entre o governo dos Estados Unidos e a SpaceX, usada não apenas pela NASA, mas também pelo Pentágono para enviar tripulações, cargas e satélites ao espaço.