Mohand Alouche, de 85 anos, foi encontrado morto no seu apartamento em Montrouge, França, três anos após a morte. O corpo foi descoberto quando polícia e responsáveis judiciais se dirigiram ao local, para despejar o homem. Aparentemente, o idoso morreu há quase três anos sem que ninguém percebesse.
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A descoberta, que ocorreu a 22 de setembro, revela uma dimensão social e emocional que afeta uma grande percentagem da população idosa. De acordo com os últimos dados da Fondation de France, quase um terço das pessoas com mais de 75 anos no país sofrem de isolamento social. Nem o cheiro a putrefação, nem a ausência, nem a caixa de correio lotada alertaram os vizinhos de que algo estaria errado.
Mohand Alouche, descrito como discreto, chegou a França vindo da Argélia na década de setenta, para trabalhar na construção civil. Os vizinhos nunca se aperceberam do desaparecimento. O porteiro e o gabinete de habitação social só reagiram mais tarde, quando as rendas deixaram de ser pagas após fevereiro de 2023. Os agentes funerários, chamados ao local, encontraram o corpo caído, sem sinais de luta ou perturbação grave, sugerindo morte natural.
Segundo o Ministério Público de Nanterre, não foram apuradas provas de intervenção externa na morte. As análises mais aprofundadas irão determinar a data exata do óbito, mas os indícios iniciais sugerem que faleceu há quase três anos.
Até agora sabe-se que Mohand morava numa habitação social desde 2003, depois de o hotel onde estava hospedado encerrar. Sem família conhecida, não recebia visitas ou chamadas. As comunicações administrativas também se tornaram raras, a última carta enviada ao gabinete data de 2019.
Pierre Ludosky, presidente da associação "Survivre à l'enfance" explicou ao "Le Parisien" que é provável que o homem sofresse da síndrome de Diógenes (caracterizada pelo isolamento extremo, acumulação de objetos e recusa em aceitar ajuda). "Os objetos não mentem, não traem. Tornam-se um refúgio para aqueles que já não confiam nos humanos", explica Ludosky.
Os moradores nunca o tinham conhecido. "O homem do primeiro andar? Não, nunca o vi", foram as palavras de um dos vizinhos. "Um homem completamente sozinho morreu aqui? Nós saberíamos", foram as palavras de outro.
Segundo o meio de comunicação francês "Aufeminin", este incidente não é um caso isolado. Todos os anos dezenas de idosos são encontrados mortos após meses. Em algumas cidades, os serviços sociais e proprietários tentam monitorizar os arrendatários mais velhos, mas as medidas continuam a mostrar-se insuficientes, dada a escala do fenómeno.