Abdelbaki es Satty, 45 anos, nove filhos. Morreu na explosão da semana passada em Cambrils. Seria o cérebro da célula terrorista que atacou na Catalunha, tendo logrado liderar um grupo radical a partir de Ripoll, onde era imã desde 2015.
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Há cerca de 12 anos que o suspeito, natural de Marrocos, vivia em Espanha. Em 2003, na sequência do atentado cometido contra a Casa de Espanha, em Casablanca (Marrocos), que causou a morte a 45 pessoas, Es Satty começou a ser alvo de suspeitas de terrorismo. Seguindo o rasto dos envolvidos, as autoridades chegaram ao nome do imã de Ripoll.
Passados dois anos, a Polícia Nacional pediu autorização à justiça para colocar escutas no seu telefone.
Na altura, as autoridades argumentaram que o marroquino Abdelbaki es Satty tinha ligações a duas organizações terroristas integradas na rede da al-Qaeda, o grupo Ansar Al Islam e o Grupo Islâmico Combatente de Marrocos, a quem foi atribuída a autoria dos atentados de 2003 em Marrocos e de 11 de março de 2004, em Madrid.
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O juiz Fernando Grande-Marlaska autorizou a intervenção no telefone de Es Satty, percebendo a "seriedade dos objetos em análise e as suspeitas fundadas de vinculação" com os grupos, avança esta sexta-feira o espanhol ABC, que teve acesso aos documentos oficiais tanto do pedido como da autorização judicial, datados de 14 de setembro e 19 de outubro de 2005, respetivamente.
Abdelbaki es Satty, escreveu na altura o juiz, "pode atuar como intermediário na altura de dar apoio logístico às redes terroristas, ao manter contactos com cidadãos árabes que se dedicam à falsificação de documentos, com o objetivo de dar cobertura à saída de terroristas para território espanhol e europeu".
À investigação da Polícia Nacional, uniu-se uma operação levada a cabo pela Guardia Civil, que também chegou ao nome de Abdelbaki es Satty, por suspeitas de integrar uma outra célula terrorista, liderada por Mohammed Mrabet, líder de uma mesquita em Barcelona e suposto mentor de Es Satty.
Em 2007, um outro juiz emitiu uma acusação contra 22 suspeitos de terrorismo, incluindo Mrabet. Desses, nove foram julgados. Em 2009, a Audiencia Nacional absolveu quatro acusados e condenou os outros cinco, entre eles o alegado mentor de es Satty. Acontece que em 2011, o Tribunal Supremo anulou todo o processo, depois de descobrir que havia registos telefónicos sem autorização judicial e que algumas declarações tinham sido obtidas "sob pressão".