Imigrante salvadorenho detido novamente nos EUA e poderá ser deportado para o Uganda
Kilmar Ábrego García, deportado por "erro" para El Salvador, em março, e depois enviado de volta para os Estados Unidos, foi detido esta segunda-feira pela agência de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês). O salvadorenho corre o risco de ser deportado para o Uganda, segundo os advogados.
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A Secretária de Segurança Interna norte-americana, Kristi Noem, informou na rede social X que Kilmar Ábrego García foi detido novamente. O ICE estava a "processar a sua deportação", acrescentou a governante.
Ábrego García foi libertado na semana passada de uma prisão no Tennessee, onde enfrenta acusações de tráfico humano, e autorizado a regressar a casa, em Maryland, enquanto aguarda julgamento. Foi obrigado a apresentar-se à ICE, em Baltimore, na segunda-feira, como uma das condições para a sua libertação.
Simon Sandoval-Moshenberg, um dos advogados do salvadorenho, disse que o seu cliente foi detido pelo ICE quando compareceu à audiência. "O aviso afirmava que o motivo era uma entrevista", disse o causídico. "Claramente, isso era falso. Não havia necessidade de o deter sob custódia do ICE. Ele já estava sob monitorização eletrónica do Serviço de Delegados dos EUA e basicamente em prisão domiciliária. A única razão pela qual decidiram detê-lo é para o punir", acrescentou.
A tentativa de deportar Garcia para o Uganda, na África Oriental, acrescenta uma nova reviravolta dramática a uma saga que se tornou um teste à dura repressão da imigração ilegal por parte da Administração Trump - e, segundo os críticos, ao seu desrespeito pela lei.
"Erro administrativo"
Ábrego García vivia nos Estados Unidos sob proteção legal desde 2019, quando um juiz decidiu que não deveria ser deportado porque poderia ser prejudicado no seu país natal. Depois, tornou-se uma das mais de 200 pessoas enviadas para a mega-prisão CECOT, em El Salvador, como parte da repressão de Trump aos migrantes indocumentados.
Mas os advogados do Departamento de Justiça admitiram que o salvadorenho tinha sido deportado indevidamente devido a um "erro administrativo". Foi devolvido ao território americano apenas para ser detido novamente no Tennessee sob acusações de tráfico humano. Ábrego García nega qualquer irregularidade, enquanto o Governo alega que é um membro violento do gangue MS-13 que contrabandeou outros migrantes indocumentados para o país.
Na quinta-feira, quando ficou claro que Ábrego García seria libertado no dia seguinte, as autoridades governamentais fizeram-lhe uma oferta de confissão de culpa: permanecer sob custódia, declarar-se culpado de tráfico humano e ser deportado para a Costa Rica. Ele recusou a oferta.
O caso tornou-se emblemático da repressão de Trump à imigração ilegal. Os apoiantes de Trump elogiam a firmeza do presidente republicano, mas os juristas e os defensores dos Direitos Humanos criticaram o que consideram ser uma corrida desordenada para deportar pessoas sem sequer uma audiência em tribunal, violando a lei básica dos EUA.