
Família síria feliz por ter chegado bem a terra
Antonino Condorelli/Reuters
Os cerca de 360 imigrantes, que vinham a bordo do navio que chegou na sexta-feira ao porto italiano de Corigliano depois de ter sido abandonado pela sua tripulação, desembarcaram este sábado e foram transportados para abrigos.
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De acordo com a Agence France Presse, os imigrantes desembarcaram no porto de Corigliano, na Calábria, sul da Itália, e juntaram-se a centenas de outros que lá chegaram há menos de duas semanas em condições idênticas.
Numa primeira estimativa, a Marinha italiana tinha avançado que seguiam 450 imigrantes a bordo do "Ezadeem", o cargueiro que foi deixado à sua sorte pela tripulação, depois de ter ficado sem eletricidade, mas agora esclarece que estavam dentro do navio 360 pessoas - 232 homens, 54 mulheres e 74 menores, todos saudáveis.
O navio, com 73 metros de comprimento, matriculado na Serra Leoa e destinado ao transporte de animais, entrou no porto calabrês do sul de Itália cerca das 23 horas locais (22 horas em Portugal), tendo sido escoltado pela Marinha do país, 48 horas depois de uma operação similar que envolveu outras 800 pessoas.
Segundo o sítio na internet especializado em tráfego marítimo marinetraffic.com, a embarcação terá saído do porto cipriota de Famagusta, situado na zona sob controlo turco, depois de ter partido de Tartus, na Síria, com destino a Sète, em França.
O navio tinha sido detetado na noite de quinta-feira, aparentemente em dificuldades, a cerca de 150 quilómetros ao largo de Crotone, na Calábria.
Dois dias antes, a mesma situação ocorreu com outro cargueiro, ao largo da Grécia, também abandonado pela tripulação, o "Blue Sky M", que transportava cerca de 800 pessoas.
Desde 20 de dezembro que três cargueiros já desembarcaram nas costas italianas com cerca de duas mil pessoas, entre homens, mulheres e crianças, a bordo, sobretudo originários da Síria.
Há vários anos que a Itália assiste a um fluxo crescente de migrantes que procuram chegar à Europa, pelo Mediterrâneo, com risco da própria vida, a um ritmo de 400 chegadas por dia.
As autoridades italianas estão preocupadas com esta tendência, que a continuar, fará aumentar significativamente a entrada de imigrantes, atualmente já muito significativa. Em 2014, o total das chegadas de imigrantes superou as 160 mil. Mais de metade destes migrantes são sírios ou eritreus.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) sublinhou na sexta-feira que os traficantes parecem ter optado por 'economias de escala' que lhes permitem ganhos avultados com uma única viagem e uma única nacionalidade.
Com pagamentos de mil a dois mil dólares (833 a 1,7 mil euros), uma viagem como a do "Blue Sky M" pode render cerca de um milhão de dólares, o que permite alugar navios e tripulações, segundo a OIM.
Segundo noticia a France Presse, o processo parece cada vez que o mesmo: "Um navio de carga é fretado pelos traficantes e responsáveis por centenas de imigrantes, na maioria sírios que fogem da guerra no seu país. O navio é então deixado à sua sorte, como aconteceu com o "Blue Sky M", na costa grega, ou com o "Ezadeem", ao largo de Itália. E de uma maneira ou de outra, os imigrantes ou os traficantes, alertam as autoridades marítimas, que então desencadeiam esforços para fazer chegar os passageiros a bom porto, com segurança".
