Os imigrantes ilegais que chegam à Líbia estão a ser sujeitos a trabalho escravo como moeda de troca para alcançarem a Europa.
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Segundo Emiliano Abramo, representante da comunidade de Santo Egídio na Sicília, muitos dos imigrantes que chegam à Líbia, rumo à Europa, estão a ser explorados pelos traficantes, que os obrigam a trabalhar sem remuneração no setor da construção durante cerca de seis meses, numa jornada diária de 16 horas.
O trabalho não remunerado serve de moeda de troca para um lugar nas embarcações que vão para a Europa e também para pagar a libertação da prisão na Líbia, já que muitos dos imigrantes são presos neste país.
"Na Líbia, normalmente há problemas. Os polícias prendem os imigrantes porque descobrem que os seus documentos são falsos. (...) Muitos dos imigrantes com quem falámos disseram-nos que ficaram na prisão entre seis a sete meses e que depois alguém pagou para que fossem libertados, mas que acabaram por ficar escravos dessa pessoas", disse Emiliano Abramo.
A rede de tráfico de pessoas começa nos países de origem, onde os traficantes fornecem aos imigrantes documentos falsos para poderem entrar na Líbia e também o contacto da pessoa que nesse país estará encarregue de os colocar na Europa.
Durante a viagem, que Emiliano Abramo classificou como "penosa", os imigrantes não são acompanhados pelos traficantes, mas sim por guias, com os quais atravessam vários países e do deserto.
Os imigrantes que chegam à Líbia, oriundos do Iraque, da Síria, do Afeganistão, do Paquistão e de países da África subsaariana, fogem da guerra, dos conflitos e da miséria, procurando na Europa uma vida melhor.