Resiste em pé, ainda que não inteira. O incêndio de grandes dimensões na Catedral de Notre-Dame foi extinto após 15 horas.
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A principal estrutura do templo religioso, as duas torres centrais e alguns tesouros foram salvos ao fim de várias horas.
O fogo que na segunda-feira lavrou naquele que é o monumento histórico mais visitado da Europa, causou elevados danos e deixou um bombeiro gravemente ferido. As chamas, dominadas às primeiras horas desta terça-feira, deflagraram na águas furtadas do edifício e propagaram-se rapidamente a grande parte do telhado, levando ao desabamento de um pináculo e à destruição de dois terços da área atingida.
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"O fogo foi extinto na sua totalidade. Agora, é a fase dos especialistas", declarou Gabriel Plus, o porta-voz dos bombeiros de Paris, numa conferência de imprensa em frente à catedral, cerca das 10 horas (9 horas em Portugal continental).
Os serviços de emergência estão atualmente "a examinar o movimento das estruturas e a extinguir os focos residuais", acrescentou. Centenas de bombeiros vão continuar a trabalhar todo o dia.
Vão também ser retiradas algumas obras de arte do local com a ajuda de especialistas.
Apesar dos estragos, "a principal estrutura da Catedral está a salvo, especialmente o norte do campanário, e preservada da destruição total", assegurou o secretário de Estado do Interior, Laurent Nunez, à noite, momentos depois de ter afirmado que recuperar a igreja não era um "dado adquirido".
O comandante dos bombeiros responsável pela operação de combate ao fogo, Jean-Claude Geallet, adiantou que "as duas torres estão salvas". E o bispo Patrick Chauvet, gestor da Catedral, acrescentou que foram recuperados vários tesouros, nomeadamente uma coroa de espinhos de Cristo, a túnica de Saint Louis e alguns cálices, explicando que "retirar as grandes pinturas é impossível".
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Emmanuel Macron disse, num discurso ao país, que vai ser feita uma recolha nacional de fundos para reerguer o templo cristão. "Todos juntos vamos reconstruir Notre-Dame", exclamou o presidente francês, que horas antes tinha reagido ao incidente no Twitter, manifestando tristeza por "ver arder parte de nós", escreveu.
O chefe de Estado cancelou a agenda para acorrer ao local, com a mulher, Brigitte, o primeiro-ministro, Édouard Philippe, o ministro da Cultura, Franck Riester, e Laurent Nunez.
O incêndio, combatido por cerca de 400 operacionais e 18 mangueiras de água, deflagrou cerca das 18.50 horas (17.50 em Portugal continental), durante as obras de renovação do edifício, orçadas em cerca de 120 milhões de euros, segundo o porta-voz de Notre-Dame.
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Incêndio acidental
O combate ao fogo foi dificultado pelo facto de o lançamento de água por meios aéreos não ser viável, uma vez que os jatos poderiam provocar mais derrocadas. "O peso da água e a intensidade do lançamento em baixa altitude poderia na verdade fragilizar a estrutura de Notre-Dame e provocar danos colaterais nos edifícios vizinhos", esclareceu a Direção Geral da Segurança Civil (equivalente à Proteção Civil portuguesa).
As autoridades parisienses abriram um inquérito ao caso por "destruição involuntária por incêndio", afastando a hipótese de crime e privilegiando a teoria de acidente.
Centenas de pessoas convergiram para a zona da emblemática catedral e concentraram-se nas ruas em redor do monumento, unindo as vozes em cânticos e orações, esperando salvar um símbolo que é também dos que não rezam.
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