Os incêndios que por estes dias assolam o Canadá provocaram uma nuvem de fumo alaranjada que se abateu sobre Nova Iorque, nos Estados Unidos, obscurecendo a famosa paisagem de arranha-céus da cidade que nunca dorme.
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O fumo dos incêndios florestais que estão a fustigar o Canadá atingiu em força a cidade norte-americana de Nova Iorque, que durante a noite passada (lá são menos cinco horas do que em Portugal continental) chegou a ser, a par de Toronto, a cidade com pior qualidade do ar no mundo inteiro. A maioria dos fogos teve origem a 720 quilómetros da "Big Apple", no Quebéc, onde hoje havia 160 incêndios ativos.
Por causa da saturação do ar, as cidades da Costa Este dos Estados Unidos foram colocadas sob alerta, com dezenas de milhões de habitantes a serem atingidos pelos avisos de poluição emitidos. A Administração Federal de Aviação chegou mesmo a suspender as chegadas ao aeroporto nova-iorquino de LaGuardia por causa do fumo. O autarca de Nova Iorque, Eric Adams, avisou que as condições atmosféricas devem deteriorar-se ao longo do dia e da noite, aconselhando a população a limitar as atividades no exterior o máximo possível. "Não é dia para treinar para uma maratona", declarou aos jornalistas.
Pior qualidade do ar do mundo
A Agência de Proteção Ambiental do país alertou que a qualidade do ar na região é "nociva" para pessoas com problemas respiratórios. E a plataforma IQAir.com, que rastreia os níveis de poluição ambiental em todo o mundo, elevou o índice de qualidade do ar de Nova Iorque para um "insalubre" 158 durante a manhã, indicando que a concentração de partículas minúsculas conhecidas como PM2,5 era 14 vezes superior às diretrizes da Organização Mundial da Saúde. Na noite anterior, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental, o índice alcançou mesmo uns assustadores 218, valor considerado "muito insalubre", colocando a cidade de Nova Iorque - que normalmente está fora das três mil piores do mundo a nível de poluição - no topo da lista.
A fazer lembrar os passeios e convívios exteriores do período mais crítico da pandemia de covid-19, eram várias as pessoas que, esta quarta-feira, passeavam no famoso Central Park usando uma máscara de proteção. "Não sei se é psicológico ou físico, mas sei que há algum benefício em usar máscara. Obviamente não vai prevenir tudo, mas o meu cão tem de ser passeado", disse à agência de notícias France Presse (AFP) Hugh Hill, advogado de 43 anos, que se deslocava com o amigo de quatro patas pelo parque, dando conta do "ardor" que sentia nos olhos e na garganta por causa da neblina de poluição, que hoje deixou na penumbra a Estátua da Liberdade e a linha do céu de Manhattan.