A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) terá inspetores em todas as centrais nucleares da Ucrânia, para reduzir o risco de acidentes graves, enquanto continua a invasão russa contra aquele país.
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A agência nuclear das Nações Unidas já tem presença permanente na maior central nuclear ucraniana, e da Europa, em Zaporíjia, controlada pelas forças russas.
A presença permanente da AIEA em todas as instalações nucleares da Ucrânia, com pelo menos 11 funcionários no total, marca uma expansão sem precedentes para a agência.
Os técnicos da AIEA também estarão de forma permanente em Chernobil onde, em 1986, ocorreu o mais grave acidente nuclear da história, divulgou o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi.
"A partir de amanhã, haverá duas bandeiras em todas as instalações nucleares da Ucrânia, uma da Ucrânia e a segunda da agência nuclear internacional", sublinhou o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, durante uma conferência de imprensa conjunta em Kiev com Rafael Grossi.
O apoio da AIEA à Ucrânia surge pouco depois do ataque de míssil russo no fim de semana contra um prédio de apartamentos na cidade de Dnipro, no sudeste do país, que matou 45 civis, e a queda de um helicóptero ocorrido esta quinta-feira num jardim-de-infância na área de Kiev, que matou o ministro do Interior ucraniano, num total de pelo menos 14 mortos.
Segundo Grossi, os funcionários permanecerão nas instalações "pelo tempo que forem solicitados" pelo governo ucraniano.
As bandeiras da AIEA hasteadas na Ucrânia "não são apenas simbólicas", mas "refletem e significam a presença de alguns dos mais renomados especialistas em segurança e proteção que fornecerão conselhos e suporte técnico", acrescentou o diplomata argentino.
O primeiro-ministro da Ucrânia apelou à AIEA que aplique sanções contra Moscovo e interrompa qualquer forma de cooperação nuclear com a Rússia.
Grossi, por sua vez, realçou que a decisão caberia aos Estados-membros discutir.
Kiev pediu a instalação destas missões porque "simplesmente há ataques contra [as instalações]", realçou o primeiro-ministro. "Queremos evitar acidentes nucleares, por isso recorremos à AIEA para segurança e proteção", acrescentou Denys Shmyhal.
A AIEA mantém desde setembro uma equipa na central de Zaporíjia, sob controlo da Rússia e que foi sujeita a bombardeamentos que ameaçaram a sua segurança.
Os peritos da AIEA vão avaliar a situação nas centrais, bem como as suas necessidades de equipamento, e fornecer assistência técnica.
Grossi também anunciou que manterá novos contactos com as autoridades ucranianas para tentar garantir uma zona de segurança em torno de Zaporíjia, a maior central nuclear da Europa.