Dois dias depois, os investigadores ainda não tinham qualquer pista sobre o que motivou o ataque à vida de Donald Trump na Pensilvânia, Estados Unidos.
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Depois de analisarem os dados do telemóvel do suspeito - um jovem de 20 anos que foi abatido pelos serviços secretos no local, depois de ter disparado vários tiros -, as autoridades tinham a expectativa de encontrar indícios no seu computador portátil.
Há duas grandes incógnitas em relação aos acontecimentos de sábado, que resultaram na morte de um apoiante e quase resultaram na morte do ex-presidente. Por um lado, como conseguiu Thomas Mathew Crooks chegar tão perto do candidato republicano num local fortemente protegido por agentes secretos e polícias. Por outro, que motivos tinha para disparar sobre ele.
Na noite de domingo, o FBI adiantava que o jovem agira sozinho e que não tinha sido identificada “qualquer ideologia relacionada” com os disparos. Ontem, fontes ligadas à investigação citadas pela CNN referiram que a análise ao telemóvel não forneceu pistas. E mesmo os pais disseram que Thomas não parecia ter amigos nem quaisquer inclinações políticas.
O FBI já tinha avisado que a investigação poderia demorar meses. Também ontem, naquela que foi a primeira declaração pública sobre o atentado, a diretora dos serviços secretos dos Estados Unidos, Kimberly Cheatle, garantiu a plena participação na investigação independente que foi ordenada pelo presidente Joe Biden. “Os serviços secretos têm a enorme responsabilidade de proteger os atuais e antigos líderes da nossa democracia. É uma responsabilidade que levo muito a sério e estou comprometida em cumprir essa missão”, referiu à Imprensa.
Mais segurança
Certo é que foi reforçada a segurança de Trump para a convenção do Partido Republicano que ontem começou em Milwaukee. Se a campanha eleitoral para as presidenciais de 5 de novembro já estava polarizada, teme-se que depois da tentativa de assassinato surjam novos episódios de violência. Consciente disso, Joe Biden apelou à união do país e disse que é preciso “baixar a temperatura” política.
Donald Trump estará empenhado nisso. Numa entrevista conjunta ao “Washington Examiner” e ao “New York Post”, disse que reescreveu todo o discurso que tinha preparado para quinta-feira, último dia da convenção.
“Tinha preparado um discurso extremamente duro, muito bom, sobre a administração corrupta e horrível”, disse, para acrescentar: “Mas deitei-o fora”. Em vez de disparar contra a política de Biden, irá optar por tentar “unir o país”.
Donald Trump já pôs a máquina de marketing a tirar partido do tiroteio: publicou na sua página digital uma das fotos registadas quando ergueu o punho direito e aproveitou para pedir fundos para a campanha.
Perfil: atirador tinha 20 anos e seria vítima de bullying
Quando tinha 17 anos, fez um donativo de 15 dólares para uma causa do Partido Democrata. A Imprensa norte-americana revela que não teria quaisquer antecedentes criminais. Por outro lado, o Pentágono informou que não tinha formação militar. O jovem vivia com os pais - o pai é libertário e a mãe era democrata, segundo informações divulgadas pelo jornal “The New York Times”. Tinha um emprego de nível básico perto da sua cidade natal: era auxiliar de cozinha num lar de idosos. O seu conselheiro na escola secundária descreveu-o como “respeitador” e disse que nunca soube que Crooks tivesse ligações a um partido político. Thomas pertencia ao clube de tiro Clairton Sportsmen’s Club, que classificou o tiroteio de sábado como um “ato de violência sem sentido”.