O Irão acolheu favoravelmente o plano das Nações Unidas para pôr fim à guerra na Síria, que já dura há quatro anos, afirmando que o regime do presidente Bashar al-Assad tem de estar diretamente envolvido no processo.
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"Este novo plano é visto pelos atores regionais e internacionais como um passo para um entendimento melhor da realidade no terreno e a nível político", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Marzieh Afkham, citada pela agência de notícias iraniana.
"As pessoas e o governo da Síria têm o principal papel neste processo", acrescentou.
O Irão é o parceiro regional mais importante da Síria, fornecendo apoio financeiro e militar.
Na segunda-feira, o Conselho de Segurança (CS) da ONU aprovou por unanimidade uma nova ronda de conversações de paz na Síria, uma medida apoiada pelo tradicional aliado de Damasco, a Rússia.
Foi a primeira vez em dois anos que o CS, composto por 15 países, chegou a acordo numa declaração política sobre a Síria, algo que o vice embaixador francês considerou "histórico", dado o espírito de unidade revelado.
A Venezuela, que tem relações políticas amigáveis com a Síria, distanciou-se de partes da declaração, que defende uma transição política para terminar com a guerra. O representante de Caracas, Rafael Ramirez, disse que o conselho estava a abrir "um precedente muito perigoso" ao apoiar um plano que viola o direito do país à autodeterminação.
A declaração de 16 pontos, cujo esboço foi da autoria da França, tem estado em negociação desde que o mês passado.
A iniciativa de paz, que deverá avançar em setembro, prevê a criação de quatro grupos de trabalho para abordar os temas da segurança e proteção, contraterrorismo, questões legais e políticas, e reconstrução.
A adoção da resolução surge num contexto de forte atividade diplomática na Rússia, Estados Unidos, Arábia Saudita e Irão para tentar avançar com as perspetivas de terminar uma guerra que já matou, pelo menos, 240 mil pessoas.
Entre as ações defendidas na resolução prevê-se "o lançamento de um processo político liderado pelos sírios que conduza a uma transição política que responda às legítimas aspirações do povo sírio".
Apesar de não ser referido o futuro do presidente sírio, Bashar al-Assad, os governos ocidentais já deixaram claro que uma transição deste género vai implicar a sua saída do poder.
No documento, especifica-se ainda que o processo de paz inclui "o estabelecimento de um corpo governativo transitório e inclusivo, com poderes executivos totais, que deverá ser formado na base do consenso mútuo e garantindo continuidade às instituições governamentais".