Teerão, que nos últimos meses negou o fornecimento, vem agora dizer que só o fez antes da invasão da Ucrânia, e em "pequeno número". Volodymyr Zelensky rejeita.
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Depois de, nos últimos meses, ter negado insistentemente ter feito transferências de drones para a Rússia - que os usa, desde setembro, para atacar infraestruturas energéticas e civis na Ucrânia -, o Irão só este sábado reconheceu o fornecimento. O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amirabdollahian, alegou, contudo, que tal aconteceu antes da invasão russa da Ucrânia e que "um pequeno número" de aparelhos foram entregues a Moscovo.
"Esse barulho feito por alguns países ocidentais de que o Irão forneceu mísseis e drones à Rússia para ajudar na guerra na Ucrânia - a parte dos mísseis está completamente errada", disse o chefe da diplomacia iraniana, citado pela agência oficial Irna. E, de seguida, assumiu: "A parte dos drones é verdadeira e fornecemos à Rússia um pequeno número de drones meses antes da guerra na Ucrânia", tendo negado que o fornecimento a Moscovo tenha tido continuidade.
Amirabdollahian disse ainda estar o Irão alheio à utilização de drones iranianos na Ucrânia e desafiou Kiev a apresentar documentos que o provem. "Se nos for provado que a Rússia utilizou drones iranianos na guerra contra a Ucrânia, não ficaremos indiferentes a esta questão", disse o ministro iraniano.
O presidente ucraniano acusou o Irão de estar a mentir quando alega que o fornecimento ocorreu antes da guerra e falou mesmo em "cooperação terrorista" entre Teerão e Moscovo. "Se o Irão continuar a mentir sobre o óbvio, isso significa que o mundo fará ainda mais esforços para investigar a cooperação terrorista entre os regimes russo e iraniano e descobrir o que a Rússia paga ao Irão por essa cooperação", disse Volodymyr Zelensky.
Também o enviado especial dos Estados Unidos para o Irão, Robert Malley, contestou, através do Twitter, a versão do chefe da diplomacia iraniana: "Também não é verdade - o Irão não forneceu um número limitado de drones antes da guerra. Eles transferiram dezenas apenas neste Verão e têm militares na Ucrânia ocupada ajudando a Rússia a usá-los contra civis ucranianos. Confrontados com provas, eles precisam de uma nova política, não de uma nova história".
No final de outubro, as Forças Armadas ucranianas disseram ter abatido já cerca de 300 drones kamikaze disparados pela Rússia desde 13 de setembro, data em que foi detetado o primeiro Shahed-136 destruído, em Kharkov. Drones que têm sido usados pelas forças russas para atacar sobretudo infraestruturas críticas, energéticas e alvos civis.
Central retoma energia
A central nuclear de Zaporíjia recuperou ontem a energia para os seus sistemas de segurança, que havia perdido na quarta-feira, após um bombardeamento. "Os repetidos cortes de energia demonstram com muita clareza a gravíssima situação de segurança e de proteção nuclear que esta importante central nuclear enfrenta", assinalou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Mariano Grossi.
Grossi salientou que, "até agora", os funcionários têm conseguido manter a segurança dos seis reatores. "Mas não pode continuar assim", avisou, referindo-se aos sucessivos cortes de energia.