O Presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou hoje que o seu país não renunciará aos seus direitos em matéria de programa nuclear e advertiu as grandes potências que o tempo para haver negociações não é "ilimitado".
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"Em matéria nuclear, o nosso Governo não renunciará a esse direito, mas tentará ao mesmo tempo fazer avançar as negociações, com racionalidade e argumentos", disse Rohani, que é considerado um moderado, numa altura em que o Irão é acusado de possuir armas nucleares, apesar dos insistentes desmentidos dos iranianos.
O ex-Presidente Mahmoud Ahmadinejad, um conservador, não deixou de desafiar o Ocidente desde 2005, repetindo que o Irão não renunciaria um milímetro nos seus "direitos legítimos" em matéria nuclear.
Numa entrevista em direto na televisão pública, Rohano sublinhou que o seu Governo está pronto a resolver "passo a passo os problemas ligados à questão nuclear, que deverá ficar concluído com ganhos para ambas as partes.
Assegurou ainda que tem o apoio tácito do guia superemo, o ayatollah Ali Khamenei, responsável pelas decisões finais sobre a questão nuclear, para que haja uma "flexibilidade" nas discussões do dossier com as grandes potências, interrompidas em abril.
Rohani Advertiu, porém, que o atraso na resolução da questão nuclear não poderá eternizar-se e que "o mundo deve aproveitar este período e a oferta resultante da sua eleição".
A discussão entre Teerão e um grupo de potências, que inclui Estados Unidos, Russia, China, Grã-Bretanha, França e Alemanha, perduram há anos sobre a questão da suspensão do programa de enriquecimento de urânio.
Segunda-feira, o chefe da Agência Internacional da Energia Atómica,Y ukiya Amano, classificou de "urgente e essencial" uma cooperação com o Irão, afirmando estar disponível a trabalhar com a nova equipa a fim de resolver a questão em suspenso.
Em junho, o moderado Rohani prometeu reformas e uma "mudança" na política estrangeira, manifestando vontade de encetar "negociações sérias" com as grandes potências sobre a questão nuclear, prometendo "transparência".
Ao mesmo tempo, recusou ceder os "direitos inalienáveis" do Irão sobre o enriquecimento de urânio, assunto que está no cerna da inquietação do Ocidente e que levou à aplicação de sanções económicas severas aos produtos petrolíferps e contas bancárias no Irão no estrangeiro.
"O Ocidente deve compreender que não obterá qualquer resultado com essas ameaças e pressões", disse Rohani.
Responsáveis governamentais iraniana deverão reencontar-se com a chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton e com Laurent Fabius (França) para discutir este e outros assuntos, num primeiro encontro bilateral a esta nível nos últimos dois anos.