Anunciada ofensiva de Teerão traduziu-se no lançamento de quase 200 rockets, a maioria intercetados pela Cúpula de Ferro israelita, com o apoio militar de Washington.
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Já a noite tinha descido sobre Israel, pouco depois das 19.30 horas locais, e a esperada ofensiva do Irão anunciou-se nos céus pontilhados de luz, fazendo ecoar por todo o país as sirenes que são prenúncio de ameaça bélica. De Telavive a Sharon, junto ao Mar Morto, no centro e Sul do território, traduziu-se a investida de Teerão numa chuva cadente de mísseis balísticos, quase 200, na sua maioria intercetados pela quase impenetrável Cúpula de Ferro, o sistema de defesa antiaérea que abate rockets, morteiros e drones, ferramenta vital no arsenal das Forças de Defesa de Israel (FDI), que lhe apontam uma eficácia acima dos 90%.
Perante a ofensiva em grande escala, a população israelita lançou-se em fuga para abrigos, bunkers, debaixo de carros e de pontes, na berma das estradas, com o espaço público convertido numa toada de pânico em cenário de guerra.
Pouco depois, o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão, principal ramo das Forças Armadas iranianas, anunciou que as duas vagas de mísseis representam um ato de retaliação pelo assassinato do líder do Hamas – Ismail Haniyeh, que foi morto em Teerão em Julho –, e do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, abatido, na sexta-feira, nos subúrbios de Beirute.
A ordem de lançamento dos mísseis partiu do ayatollah Ali Khamenei, líder supremo do Irão, anunciou um alto oficial iraniano, que garantiu que o país que lidera o Eixo da Resistência contra Israel “está totalmente pronto para qualquer retaliação”.
Mísseis hipersónicos Fattah
Segundo a televisão estatal iraniana, no ataque de hoje contra Israel, as forças de Teerão usaram os seus mísseis hipersónicos Fattah pela primeira vez.
A missão iraniana nas Nações Unidas defendeu os lançamentos de rockets, considerando-os uma resposta aos “atos terroristas” de Israel. “A resposta legal, racional e legítima do Irão aos atos terroristas do regime sionista – que envolveram atingir nacionais e interesses iranianos e infringir a soberania nacional da República Islâmica do Irão – foi devidamente levada a cabo”, escreveu a missão na rede social X, indicando que a operação deveria, por ora, ficar por aqui: “Se o regime sionista ousar responder ou cometer novos atos de malevolência, ocorrerá uma resposta subsequente e esmagadora”.
O porta-voz das FDI, Daniel Hagari, salientou, em declaração transmitida pela televisão, tratar-se de um “ataque grave” a Israel por parte do Irão, assegurando que a ofensiva “terá consequências”, e assinalando, uma hora depois do início da operação iraniana, que o país continuava “em alerta máximo defensiva e ofensivamente”.
“Fizemos um grande número de interceções. Houve alguns impactos no centro e outros no sul do país”, adiantou ainda Hagari.
EUA na retaguarda
O Departamento de Defesa dos EUA anunciou que os contratorpedeiros da Marinha norte-americana posicionados no Médio Oriente dispararam uma dúzia de armas intercetoras contra a vaga de mísseis disparados pelo Irão. O Pentágono, que disse não ter tido conhecimento de algum aviso prévio da operação iraniana, qualificou o ataque como “significativo”.
Sem surpresa, o Hamas louvou a ofensiva: “Felicitamos o heroico lançamento de rockets levado a cabo pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica no Irão, em grandes áreas dos nossos territórios ocupados, em resposta aos contínuos crimes da ocupação contra os povos da região, e em retaliação ao sangue dos heroicos mártires da nossa nação ”, referia o comunicado do grupo islamita palestiniano.