Irão vai libertar cinco norte-americanos em troca de 5,6 mil milhões em fundos congelados
Teerão espera realizar esta segunda-feira uma troca de prisioneiros com Washington, indicou um porta-voz da diplomacia iraniana. O acordo incluirá a libertação de cinco norte-americanos em troca de cinco cidadãos do Irão, além da transferência de fundos no valor de 5,6 mil milhões de euros que estavam congelados.
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"Esperamos ter acesso total aos ativos iranianos hoje", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Teerão, Nasser Kanani, citado pela agência France-Presse. "A troca de prisioneiros ocorrerá no mesmo dia e cinco cidadãos iranianos presos nos Estados Unidos serão libertados", acrescentou.
O acordo – mediado por países do Golfo, já que Irão e Estados Unidos não possuem relações diplomáticas – foi confirmado anteriormente por ambos os lados. Um avião do Catar está estacionado, na capital iraniana, para enviar os norte-americanos para Doha.
Um dos principais pontos é o desbloqueio de seis mil milhões de dólares (5,6 mil milhões de euros) de fundos iranianos que estavam na Coreia do Sul, oriundos da venda de petróleo. Seul congelou o dinheiro devido à volta das sanções, imposta pelo então presidente Donald Trump, após a saída norte-americana do acordo nuclear.
O valor ficará agora em contas bancárias restritas no Catar – país que confirmou o recebimento dos fundos através de transferências da Suíça. Apesar de o Governo de Joe Biden afirmar que o dinheiro só poderar ser usado para a compra de bens humanitários, como alimentos e medicamentos, Kanami salientou que Teerão comprará "todos os bens não sancionados".
Os cinco norte-americanos – considerados cidadãos iranianos por Teerão, que não aceita dupla-nacionalidade – estão em prisão domiciliária desde o mês passado, quando o acordo foi fechado. Entre os detidos, estão o investidor Emad Sharqi, o conservacionista Morad Tahbaz e o empresário Siamak Namazi – este último preso desde 2015. As identidades dos outros dois nacionais dos EUA permanecem anónimas.
Entre os iranianos detidos nos Estados Unidos, há Reza Sarhangpour e Kambiz Attar Kashani, acusados de violarem as sanções contra o Irão, além de Kaveh Lotfolah Afrasiabi, detido em Boston, em 2021, acusado de ser um agente de Teerão. Os outros dois, Mehrdad Moein Ansari e Amin Hasanzadeh, terão alegadamente ligações com as forças de segurança iranianas. Destes cinco, dois vão regressar ao Irão, dois permanecerão nos EUA e um irá para um terceiro país, segundo Kanani.
De acordo com a agência Associated Press, a troca de prisioneiros desenrolou-se no quadro "de uma escalada militar norte-americana no Golfo Pérsico", com a possibilidade de tropas dos Estados Unidos abordarem e apresarem navios comerciais no Estreito de Ormuz, através do qual navegam 20% de todos os carregamentos de petróleo.