A Irmandade Muçulmana aceita a realização de eleições presidenciais antecipadas no Egipto desde que Mohamed Morsi se encontre disponível para reassumir a presidência.
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"Podemos admitir a realização de eleições presidenciais antecipadas ou um referendo sobre a continuidade de Morsi, mas numa posição de legitimidade". A afirmação é de um dirigente do grupo em entrevista à agência EFE.
O dirigente, membro da comissão executiva do braço político da Irmandade, o Partido Liberdade e Justiça, acrescentou que a legitimidade implica "o regresso do presidente eleito, da Shura, câmara alta do parlamento, e da Constituição".
No passado dia 3 de junho, o exército egípcio depôs e deteve o presidente Mohamed Morsi, eleito há um ano, e nomeou como presidente interino o presidente do Tribunal Constitucional, Adli Mansur, que dissolveu a Shura e suspendeu a Constituição.
Todas estas ações foram categoricamente rejeitadas pela Irmandade Muçulmana, da qual Morsi foi dirigente e por cujo partido se candidatou à presidência.
El Beltagui afirmou na entrevista que a Irmandade não está envolvida em negociações para resolver a crise mas sublinhou que quaisquer negociações têm de ser conduzidas "sob o guarda-chuva da legitimidade e não dos golpistas".
O dirigente negou que o novo primeiro-ministro, Hazem al-Beblawi, tenha contactado a Irmandade para a formação do governo, assegurando que ele manifestou unicamente abertura para lhes oferecer algumas pastas.
"Não compreendo como é que al-Beblawi convida a Irmandade Muçulmana a participar no governo se o seu regime nos acusa de sermos assassinos", disse o dirigente, que garante que do a única mensagem que recebe da atual força no poder são as consecutivas detenções e mandados de prisão contra dirigentes islâmicos.
El Beltagui é um dos dez dirigentes islamistas procurados pela polícia, bem como o líder máximo do grupo, Mohamed Badie. São acusados de incentivar o recurso à violência em frente à sede da Guarda Republicana onde, na passada segunda-feira, confrontos causaram 51 mortos.
As reivindicações da Irmandade Muçulmana são partilhadas por duas dezenas de grupos, na maioria islamitas, reunidos na chamada Coligação Nacional para a Defesa da Legitimidade, que não reconhece as novas autoridades do Egito.