O candidato da Irmandade Muçulmana às presidenciais no Egito considerou, este sábado, "uma farsa" a sentença do ex-presidente Hosni Mubarak e pediu a repetição do julgamento, tendo o grupo apelado a protestos maciços.
Corpo do artigo
"O que importa desta sentença é que o líder do regime e o ministro do Interior caíram, mas o resto do regime mantém-se", disse um porta-voz do candidato Mohammed Morsi.
Hosni Mubarak, que durante 30 anos governou o Egito com uma mão de ferro, foi, este sábado, condenado a prisão perpétua por envolvimento nas mortes de 850 manifestantes durante a revolta popular que o derrubou, em fevereiro do ano passado.
O ex-ministro do Interior Habib al-Adly foi também condenado a prisão perpétua por envolvimento naquelas mortes, enquanto seis antigos dirigentes das forças de segurança foram absolvidos porque o juiz não considerou ter ficado provado ter sido a polícia a matar os manifestantes e por as testemunhas serem pouco credíveis.
"Se as provas apresentadas ao tribunal eram insuficientes, então as agências que esconderam as provas têm de ser julgadas", escreveu a Irmandade Muçulmana num comunicado divulgado no seu site.
Murad Mohammed Ali, porta-voz da campanha de Morsi, pediu uma repetição do julgamento.
"Não duvidamos do juiz, ele decidiu com as provas que tinha. Mas as agências governamentais esconderam provas. Claro que tem de haver uma repetição do julgamento (...) com provas reais", disse.
Em declarações à AFP, um alto responsável da Irmandade Muçulmana apelou a manifestações maciças para protestar contra a absolvição dos seis altos responsáveis da segurança.
"Se os chefes da polícia são inocentes, então quem matou os manifestantes?", disse Mahmud Ghozlan, acrescentando que o apelo da irmandade é de protestos em todo o país.
Os islamitas da Irmandade Muçulmana, perseguidos durante o antigo regime, foram a força política vencedora das legislativas.
O seu candidato presidencial, Mohammed Morsi, vai defrontar na segunda volta das presidenciais, a 16 e 17 de junho, o último primeiro-ministro da era Mubarak, Ahmad Chafiq.
