A escritora chilena Isabel Allende disse, esta segunda-feira, que espera que as manifestações previstas este mês em dezenas de cidades do mundo sejam "uma onda mundial de mudança" e que "acabem com a corrupção".
Corpo do artigo
"Os jovens não têm nada que herdar, nestes momentos, excepto um desastre. Se não tomam o poder, não têm vida futura", comentou.
Allende, 69 anos, falava aos jornalistas em Alcalá de Henares onde recebeu, na noite de domingo, o Prémio Cidade desta localidade nos arredores de Madrid, uma das dezenas de cidades espanholas que acolhe, no sábado, acções de protesto no âmbito do movimento "Unidos para a mudança global".
Estes protestos nasceram das manifestações do "Movimento 15 de Maio", em Madrid, que posteriormente se alargou a outras cidades, sob a mais ampla designação de "indignados".
A escritora afirma que a capacidade de luta e de protesto não se perde com a passagem do tempo, pelo que ela própria se revê nas queixas dos indignados.
"Parecem-se fantásticos estes protestos e espero que se consolidem numa onda que mude o mundo", disse.
Allende espera que os movimentos não se tornem violentos mas admitiu que "talvez seja necessária a violência para acabar com as pessoas que têm o poder e com a ordem estabelecida".
"Como é possível que as pessoas de Wall Street tenham arruinado a economia do mundo e depois vão para casa com reformas milionárias", questionou.
Também no Chile, disse, as queixas se ecoam, com protestos contra a diferença "abismal" entre ricos e pobres ou pela falta de trabalho.