Isabel II, a rainha da "geração da guerra", abriu 75.º aniversário do Desembarque da Normandia.
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"A geração da guerra - a minha geração - é resistente e estou feliz por estar hoje em Portsmouth convosco." Isabel II, rainha de Inglaterra, tinha 18 anos quando, a 6 de junho de 1944 - há 75 anos - 150 mil soldados, na maioria jovens norte-americanos, britânicos e canadianos, largaram do Sul da Inglaterra em milhares de navios e aviões, atravessaram o Canal da Mancha e lançaram na costa da Normandia o ataque que abriria a segunda frente de batalha contra a ocupação nazi.
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Dez mil perderam a vida ou desapareceram, na maioria nas primeiras vagas do maior desembarque anfíbio da história militar, apoiado por ataques aéreos e largadas de para-quedistas. "O heroísmo, a coragem e o sacrifício daqueles que perderam as suas vidas nunca se esquecerá", disse a soberana. Dirigindo-se aos 300 veteranos do Desembarque da Normandia - hoje com mais de 90 anos - "em nome de todo o país e de todo o mundo livre", agradeceu-lhes com um "Obrigado!".
"morro tranquilo"
Isabel II, ela própria veterana da II Grande Guerra, na qual serviu como condutora de ambulâncias, foi a única oradora da cerimónia que abriu, ontem, as celebrações internacionais do 75.o do "Dia D", a falar em nome próprio. Outros chefes de Estado, como os presidentes francês, Emmanuel Macron, e norte-americano, Donald Trump, usaram palavras tomadas a outras figuras.
Trump leu um extrato da "oração do Dia D", proferida na época pelo presidente Franklin D. Roosevelt enaltecendo os soldados: "O nosso inimigo é forte. Pode ser que derrote as nossas forças, mas voltaremos uma e outra vez. E sabemos que, pela graça de Deus e pela nossa causa justa, os nossos filhos triunfarão".
Macron declamou a comovente carta de um jovem resistente, Henri Fertet, 16 anos, escrita a seus pais nas vésperas de ser fuzilado pelos nazis, em 26 de setembro de 1943, garantindo que "morreria tranquilo". "Morro pela minha pátria. Quero uma França livre e os franceses felizes. Não uma França arrogante, primeira nação do Mundo, mas uma França empenhada, laboriosa e honesta".
o "muro" irlandês
O registo do texto diverge da altivez do presidente norte-americano, que terminou a contestada visita de três dias ao Reino Unido, rumando ainda ontem para a Irlanda, em visita oficial, com o Brexit na bagagem. Antes de reunir-se com o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, tratou o delicado tema da fronteira entre as Irlandas com uma alusão à barreira entre os Estados Unidos e o México. "Acho que tudo vai correr bem e que a questão do vosso muro será resolvida", disse aos jornalistas.
Hoje, Trump voa para França, para participar numa grande cerimónia na Normandia, onde estarão novamente chefes de estado e de governo de dezenas de países - vencedores e vencidos - que participaram na II Guerra Mundial. A presença será de poucas horas, em contraste com os seus antecessores que, em aniversários "redondos", visitaram durante vários dias locais históricos do conflito. Regressará de imediato à Irlanda para a segunda noite no complexo hoteleiro de golfe de que é proprietário e jogar uma partida antes de rumar a Washington. v
4000 militares e onze navios participaram ontem no "maior espetáculo militar da história recente", em Portsmouth. Além de discursos e testemunhos de veteranos e desfile, atores recriaram momentos históricos.
O reembarque
Ontem à tarde, 300 veteranos do Dia D embarcaram em Portsmouth a bordo do navio MV Boudicca, recriando o percurso até à Normandia, para participar nas cerimonias de hoje.
Memorial britânico
A primeira-ministra britânica e o presidente francês, Emmanuel Macron, lideram o lançamento da primeira pedra de um memorial na costa normanda. Será o último encontro de Theresa May, que se demite amanhã.