O Exército israelita avisou, este sábado, os residentes da Cidade de Gaza de que devem dirigir-se para uma "zona humanitária" declarada por Israel mais a sul da Faixa de Gaza, antes do próximo ataque terrestre à região.
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"Com efeito imediato, e para facilitar a saída dos residentes da cidade, declaramos a área [costeira] de Al-Mawasi [no sul da Faixa de Gaza] uma zona humanitária", lê-se numa mensagem em árabe "aos residentes da Cidade de Gaza e a todos os que lá se encontram", publicada nas redes sociais pelo porta-voz do Exército israelita, Avihai Adraee.
"Aproveitem esta oportunidade para se deslocarem sem demora para a zona humanitária e se juntarem aos milhares de pessoas que já foram para lá", acrescenta o texto.
A ONU estima que estejam cerca de um milhão de pessoas na região da Cidade de Gaza, alertando para um "desastre iminente" caso a ofensiva israelita contra a cidade se expanda.
O Exército israelita anunciou na quinta-feira que vai fazer, "nos próximos dias", um ataque contra edifícios altos na Cidade de Gaza antes de conquistar a cidade, argumentando que os prédios "se tornaram infraestruturas terroristas".
"Nos próximos dias, o Exército vai atacar estruturas que se tornaram infraestruturas terroristas na Cidade de Gaza: câmaras, centros de comando e observação, posições de atiradores "snipers" e antitanques e complexos de comando e controlo", referiu, em comunicado, especificando que os edifícios altos serão alvos em particular.
Antes dos ataques, "serão tomadas várias medidas para minimizar ao máximo o risco de baixas civis, incluindo alertas direcionados, o uso de munições de precisão, vigilância aérea e inteligência melhorada", acrescentou.
O anúncio surge depois de o Exército ter afirmado na quinta-feira que já controla 40% da capital de Gaza, cidade que pretende ocupar na totalidade.
O governo de Israel lançou a ofensiva contra Gaza a 7 de outubro de 2023, após ataques do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, nos quais 1.200 pessoas morreram e 251 foram feitas reféns.
Destes, 48 permanecem no enclave palestiniano, dos quais mais de metade estarão mortos, admitem as autoridades israelitas.
Nos 700 dias de ofensiva, mais de 64 mil palestinianos foram mortos por Israel em ataques contra casas, hospitais, escolas, universidades e abrigos, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, considerados fiáveis pela ONU.
As Nações Unidas declararam no mês passado uma situação de fome em algumas zonas do enclave.
Países como a África do Sul denunciaram esta ofensiva perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) como genocídio, denúncia feita também por organizações de defesa dos direitos humanos internacionais e israelitas.