Gabinete de Segurança israelita autorizou, esta segunda-feira, expansão militar e tomada da Faixa de Gaza, deslocando palestinianos para o Sul.
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Contrariando os alertas da ONU e de organizações humanitárias, o Gabinete de Segurança de Israel afirmou que há alimentos suficientes na Faixa de Gaza e aprovou um plano de “conquista” do território palestiniano. Assim, tropas de Telavive ocuparão o enclave após 20 anos da retirada dos colonos israelitas, com o Governo hebraico a admitir que deslocará a população.
A luz verde unânime pelo Gabinete de Segurança permitirá uma intensificação da operação que resultará na derrota do Hamas e no regresso dos reféns, alega o Executivo israelita. O plano, aprovado enquanto Israel convoca dezenas de milhares de militares na reserva, “incluirá, entre outras coisas, a conquista da Faixa de Gaza e a manutenção dos territórios, deslocando a população de Gaza para Sul para sua proteção”, revelou um oficial de Telavive, citado pela agência France-Presse (AFP). Outro funcionário mencionou que “um programa de transferência voluntária para os residentes de Gaza fará parte dos objetivos da operação”.
Uma das figuras mais extremistas, o ministro das Finanças saudou a decisão. “Finalmente vamos ocupar a Faixa de Gaza. Deixaremos de ter medo da palavra ‘ocupação’”, confessou Bezalel Smotrich ao Canal 12. O governante defendeu que não haverá “nenhuma retirada dos territórios” tomados, “nem mesmo em troca de reféns”.
Antes da expansão, um oficial israelita disse que haverá uma “janela” para um acordo de reféns durante a visita do presidente dos EUA ao Médio Oriente. Donald Trump estará na Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos entre os dias 13 e 15.
Parentes dos cativos condenaram a medida. “O plano aprovado pelo Gabinete merece ser chamado de ‘Plano Smotrich-Netanyahu’ para o sacrifício dos reféns”, publicou o Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos.
O Hamas culpou Israel pela “catástrofe humanitária” causada pela “obstrução contínua da entrada de ajuda” no enclave desde 2 de março. “Rejeitamos o uso da ajuda humanitária como ferramenta de chantagem política e apoiamos a posição da ONU contra quaisquer acordos que violem os princípios humanitários”, destacou.
“Não parou a matança”
“Israel não parou a guerra, a matança, os bombardeamentos, a destruição, o cerco e a fome – todos os dias – então, como podem falar em expandir as operações militares?”, indagou Awni Awad à AFP. “Apelo ao Mundo para que testemunhe a fome que cresce e se propaga a cada dia”, declarou o residente numa tenda em Khan Younis.
Aya al-Skafy, da Cidade de Gaza, contou à mesma agência que a sua bebé morreu na última semana. “Ela tinha quatro meses e pesava 2,8 quilos, o que é muito pouco. Não havia medicamentos disponíveis”, relatou. “Devido à desnutrição grave, sofria de acidez sanguínea, insuficiência hepática e renal, para além de muitas outras complicações. Os seus cabelos e unhas também caíam devido à desnutrição”, acrescentou a sofrida mãe.