O Knesset (Parlamento israelita), controlado pela direita e extrema-direita, aprovou nesta terça-feira uma alteração a uma lei de 2005, para permitir a reinstalação de quatro colonatos judeus na Cisjordânia, contrariando uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas e desafiando a Autoridade Palestiniana e a oposição, que alertam para o recrudescimento das tensões.
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A decisão, que comprova os projetos do Governo expandir colonatos em territórios árabes ocupados, foi aprovada por 31 votos a favor, assegurados pelos partidos ultradireitistas e ultraortodoxos que apoiam o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, do Likud, e 18 contra, revogando a interdição de colonatos nas localidades de Ganim, Homesh, Kadim e Sa Nur.
Aquelas zonas foram evacuadas em 2005 e têm sido mantidas vazias, apesar de forças de grupos ultranacionalistas reclamarem a sua reocupação e a expansão colonial de Israel na Cisjordânia. Homesh, o único colonato evacuado à força pelo Exército, é um símbolo para os colonos, que chegaram a tentar reinstalar uma escola em 2009, que foi desalojada.
"Direito inquestionável"
"Após 17 anos de tentativas, uma luta inflexível e coesa mantém-se", comentou o presidente da Comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Yuli Edelstein. Com a decisão, "o Estado de Israel iniciou o processo de recuperação do desastre da deportação", com a expulsão de milhares de colonos instalados ilegalmente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.
O líder do partido Unidade Nacional (oposição) e ex-ministro da Defesa, Benjamin Ganz, classificou um "erro o regresso ao Norte da Samaria (Cisjordânia), contrariando o chefe do Governo, que reclama para o povo judeu o direito "exclusivo e inquestionável a todas as áreas da "terra de Israel"", e apontou a necessidade de israelitas e palestinianos "encontrarem um caminho" para viverem lado a lado na região.
Por seu lado, a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) avisou para os efeitos negativos daquela decisão na viabilização do processo de paz e da solução de dois estados na região, ao mesmo tempo que sustentou que a decisão do Knesset contraria a Resolução n.º 2334 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que considera ilegais todos os colonatos nos territórios palestinianos ocupados.
O Governo israelita "insiste em desafiar o Direito Internacional e trabalha para sabotar os esforços internacionais destinados a reduzir as tensões" na região, frisou o porta-voz da AP, Nabil abu Rudeina, apelando à comunidade internacional para que "pressione o Governo israelita e o force a deter todas as medidas unilaterais que violem o Direito Internacional e os acordos assinados".