Israel fecha fronteira com Jordânia a ajuda humanitária após morte de dois soldados
Israel fechou, esta sexta-feira, duas passagens fronteiriças com a Jordânia após um motorista de um camião com ajuda humanitária ter matado a tiro dois militares israelitas na quinta-feira no posto de fronteira Allenby/Rei Hussein.
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A Autoridade Aeroportuária de Israel anunciou que a passagem de Allenby, como é conhecida em Israel, que liga a Jordânia e a Cisjordânia, foi fechada por tempo indeterminado, assim como a passagem rio Jordão, noticiou o jornal The Times of Israel.
A passagem Allenby/Rei Hussein localiza-se na fronteira entre a Jordânia e a Cisjordânia, mas é controlada pelas tropas israelitas.
"Estamos a reforçar e continuaremos a reforçar todos os componentes da defesa ao longo desta fronteira", disse o chefe do exército israelita, Eyal Zamir, durante uma visita ao local, segundo a agência noticiosa espanhola EFE.
O exército afirmou na quinta-feira que o agressor, de nacionalidade jordana, foi morto a tiro no local do ataque.
As forças israelitas disseram que o homem era motorista de um camião com ajuda humanitária destinada a Gaza, razão pela qual exigiram ao Governo que impedisse a entrada desses bens provenientes da Jordânia.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, exigiu a imposição de novos protocolos de segurança aos camiões com ajuda destinada à Faixa de Gaza que chegam da Jordânia, de acordo com a emissora pública israelita Kan.
"Peço que os motoristas passem por detetores de metais a partir de agora e que os camiões sejam inspecionados exaustivamente", disse Netanyahu.
"Era responsabilidade da Jordânia evitar o ataque, e ela não o fez", acrescentou, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.
A Jordânia condenou o ataque, afirmando tratar-se de "uma violação da lei e uma ameaça aos interesses do reino e à sua capacidade de entregar ajuda humanitária na Faixa de Gaza".
Já o grupo extremista palestiniano Hamas, que enfrenta uma ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza, aplaudiu o ataque, que descreveu como "uma mensagem clara" a Israel de que "as suas políticas de genocídio (...) não ficarão sem resposta".
A passagem está localizada numa ponte sobre o rio Jordão e liga a Jordânia à Cisjordânia, embora o controlo esteja nas mãos de Israel, que mantém sob ocupação parte da Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, e agora também a Faixa de Gaza.
A passagem é a única pela qual os palestinianos residentes na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental podem viajar por terra para o estrangeiro.
Israel controla totalmente o acesso da ajuda humanitária à Faixa de Gaza, sujeita a más condições de vida e onde a fome e a falta de medicamentos contribuem para o número elevado de mortos no enclave, a maioria devido aos bombardeamentos do exército israelita.
O exército israelita disse na terça-feira que entraram na Faixa de Gaza 230 camiões com ajuda através das duas passagens fronteiriças.
As organizações humanitárias calculam que sejam necessários entre 500 e 600 para abastecer a população.
Uma comissão independente da ONU, relatores de direitos humanos, organizações não-governamentais e um número crescente de países classificaram esta semana como genocídio a ofensiva militar israelita contra a Faixa de Gaza.
A ofensiva, que causou mais de 65.100 mortos, seguiu-se ao ataque do Hamas em Israel realizado em 7 de outubro de 2023, em que morreram cerca de 1200 pessoas.