Intensificação dos ataques, que deixaram o único hospital oncológico de Gaza inoperacional, “prejudica esforços de mediação”, alertaram esta quinta-feira autoridades islamitas.
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O segundo dia de ataques intensificados de Israel contra a Faixa de Gaza provocou a morte de pelo menos 103 pessoas, de acordo com a agência de defesa civil do enclave. Os bombardeamentos num território em que a entrada de ajuda humanitária é bloqueada pelos israelitas há mais de dois meses aconteceu no dia em que se assinalaram os 77 anos da Nakba - a expulsão de cerca de 750 mil palestinianos de localidades que hoje fazem parte do Estado hebraico.
Após mais de oito dezenas de mortes na quarta-feira, pelo menos 103 pessoas, a maioria mulheres e menores, morreram esta quinta-feira. Foram registados ataques na cidade de Khan Younis, no Sul de Gaza, além da Cidade de Gaza e em Jabalia, no Norte.
Fontes médicas reportaram à agência palestiniana Wafa que o Hospital Europeu, cujos arredores foram atingidos por ataques israelitas na terça-feira, provocando pelo menos 28 mortes, está inoperacional. A unidade de Saúde em Khan Younis era a única a realizar tratamento oncológico em Gaza após a destruição do Hospital da Amizade Turco-Palestiniana.
A intensificação da agressão por Telavive ocorre num território onde uma em cada cinco pessoas enfrenta a fome e em que a maioria está deslocada. “Os projéteis dos tanques estão a atingir o tempo todo e a área está cheia de pessoas e tendas”, contou Amir Selh, à agência France-Presse. O residente no Norte do enclave, de 43 anos, relatou “intensos bombardeamentos israelitas a noite toda”.
Enquanto na Cisjordânia ocupada atos evocaram os 77 anos da Nakba (“Catástrofe”, em árabe), nenhum evento estava planeado para Gaza. “As nossas vidas aqui em Gaza tornaram-se uma longa Nakba, com a perda de entes queridos, as nossas casas destruídas, os nossos meios de subsistência perdidos”, lamentou Moamen al-Sherbini, ouvido pela mesma agência.
O Hamas condenou a situação na franja de terra mediterrânica. “O criminoso de guerra [primeiro-ministro israelita Benjamin] Netanyahu prejudica os esforços de mediação através de uma escalada militar deliberada, demonstrando indiferença para com os seus cativos e colocando as suas vidas em risco”, publicaram os islamitas.
O presidente norte-americano voltou a repetir a ideia de que os EUA “tomariam” o território. “Tenho conceitos para Gaza que considero muito bons: torná-la uma zona de liberdade, deixar os Estados Unidos envolverem-se e torná-la apenas uma zona de liberdade”, afirmou Donald Trump, no Catar, antes de partir para os Emirados Árabes Unidos.
Grávida assassinada na Cisjordânia
Um ataque a tiro provocou a morte de uma mulher grávida, que seguia num carro nos arredores do colonato israelita de Brukhinur, na Cisjordânia ocupada – assentamento considerado ilegal pelo Direito Internacional. Pelo menos cinco palestinianos foram mortos na aldeia de Tammun pelos militares hebraicos, que alegam que os suspeitos planeavam ataques terroristas.