O Hamas entregou, esta quinta-feira, à Cruz Vermelha os restos mortais de quatro reféns israelitas em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, depois de exporem os caixões numa cerimónia transmitida em direto pelo canal de televisão Al Jazeera. Os caixões já chegaram a Israel.
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Os militantes do grupo islamita palestiniano Hamas fizeram-se acompanhar de combatentes da Jihad Islâmica e das Brigadas Mujahideen.
Antes da entrega dos restos mortais, o Hamas exibiu num palco os quatro caixões. Cada um dos caixões exibia uma fotografia do refém. Numa faixa, lia-se a mensagem: “O criminoso de guerra [Benjamin] Netanyahu e o seu exército nazi mataram-nos com mísseis de aviões sionistas”.
Nos caixões estão os restos mortais de Ariel e Kfir Bibas, que tinham 4 anos e 9 meses, respetivamente, no dia em que foram raptados durante o ataque do Hamas a Israel de 7 de outubro de 2023.
Estão ainda os restos mortais da mãe das duas crianças, Shriri Bibas, e do ativista Oded Lifshitz, de 84 anos. As autoridades israelitas vão realizar testes de ADN para identificar os restos mortais, um processo que pode demorar até dois dias.
A 29 de novembro de 2023, o braço armado do Hamas anunciou que a mãe das crianças, Shiri, e os seus dois filhos tinham sido mortos num bombardeamento israelita dias antes, o que Israel não confirmou.
Yarden Bibas, pai dos rapazes e marido de Shiri, foi raptado separadamente nesse dia e libertado da Faixa de Gaza numa troca anterior de reféns e prisioneiros, a 1 de fevereiro.
Lifshitz era um ativista pela paz que transportava residentes de Gaza que sofriam de cancro para hospitais israelitas, tendo sido raptado juntamente com a mulher durante o ataque de 7 de outubro - tal como a família Bibas de origem peruana e argentina - do kibutz (comunidade) Nir Oz, muito próximo da fronteira com o enclave palestiniano.
A mulher de Lifshitz, Yocheved, foi libertada durante a primeira trégua na guerra, em novembro de 2023, quando 105 reféns (incluindo todos os menores vivos) foram libertados em troca de 240 prisioneiros e detidos palestinianos.
Os caixões dos quatro reféns falecidos foram levados para o Instituto Nacional de Medicina Legal para serem submetidos a um processo de identificação.
A polícia transmitiiu as operações em direto pela Internet enquanto o cortejo percorria as estradas em direção a Telavive.
Representantes das forças armadas estão atualmente a acompanhar as famílias destes reféns falecidos, anunciou o exército israelita.
Presidente israelita assinala dia de sofrimento
O presidente de Israel, Isaac Herzog, assinalou um dia de sofrimento para o país com o regresso dos corpos de quatro reféns do Hamas mortos em Gaza, incluindo a família Bibas.
"Agonia. Sofrimento. Não há palavras", declarou Herzog na rede social X, antes da entrega dos quatro corpos realizada hoje pelo grupo islamita palestiniano Hamas à Cruz Vermelha, em Khan Yunis, na Faixa de Gaza. "Os nossos corações — os corações de uma nação inteira — estão devastados. Em nome do Estado de Israel, inclino a cabeça e peço perdão. Perdão por não os proteger naquele dia terrível. Perdão por não os trazer para casa vivos”, lamentou Herzog, sublinhando que a memória dos reféns levados pelos terroristas a 7 de outubro de 2023 deve ser lembrada.
Para sábado, está prevista a libertação dos últimos seis reféns israelitas vivos contemplados na primeira fase da trégua em Gaza.