Um alto responsável israelita afirmou, esta asexta-feira, que "ainda não chegou o momento" de investigar as falhas dos serviços de informações e das autoridades, que não conseguiram antecipar e evitar o ataque do movimento islamita Hamas de 7 de outubro.
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"Israel está no meio de uma guerra feroz e ainda não chegou o momento de investigar toda a guerra e o que a precedeu", avaliou Yossi Fuchs, chefe do gabinete israelita, cujas funções são equivalentes ao ministro da Presidência do Conselho de Ministros.
O responsável respondia assim ao recente apelo da procuradora-geral, Gali Baharav Miara, para a criação de uma comissão de inquérito o mais rapidamente possível, segundo relatou o jornal "The Times of Israel".
"A questão da criação de uma comissão de inquérito estatal é da competência exclusiva do Governo israelita", sublinhou Yossi Fuchs, referindo-se ao pedido de Baharav Miara, que na quinta-feira escreveu ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, pedindo-lhe que deixasse de bloquear todas as tentativas de iniciar esta tarefa.
Netanyahu ainda não assumiu qualquer responsabilidade pelos ataques do Hamas de 7 de outubro de 2023, embora alguns responsáveis israelitas tenham começado timidamente a expor alguma culpa pelos acontecimentos desse dia, que desencadearam uma resposta sangrenta na Faixa de Gaza.
O primeiro - e até agora o único - alto funcionário a demitir-se foi Aharon Haliva, que deixou o cargo de chefe dos serviços de informação do exército de Israel em meados de abril.
Na mesma altura, o exército afirmou que os seus serviços de informação avisaram Netanyahu em quatro ocasiões, entre março e julho de 2023, que, no contexto dos protestos contra a reforma judicial, os "inimigos de Israel" previam possíveis "danos" à segurança do país.
No entanto, Netanyahu tem negado sistematicamente que tenha recebido qualquer aviso sobre estas alegadas ameaças, mas que outros relatórios a que teve acesso davam uma "avaliação completamente oposta" e que entre as "poucas referências" ao Hamas não havia indicações de que este tencionasse atacar Israel.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do movimento islamita Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e deixou mais de duas centenas de reféns na posse do grupo palestiniano, segundo Telavive.
A ofensiva israelita que se seguiu na Faixa de Gaza provocou mais de 36 mil mortos e uma grave crise humanitária no enclave palestiniano, de acordo com as autoridades locais tuteladas pelo Hamas, que controla o território desde 2007.