A localidade italiana de Salò, capital do Estado-fantoche de Mussolini apoiado pela Alemanha nazi, vai acolher o Museu da República Social Italiana, que terá cartazes fascistas, fotografias, bustos e discursos gravados do ditador.
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O museu, que tem inauguração prevista para o outono, ocupará um antigo abrigo à prova de bombas que foi reconstruído, uma empreitada estimada em 235 mil euros.
A Associazione Nazionale Partigiani d'Italia, associação fundada por membros da Resistência italiana contra o regime fascista e a ocupação nazi, não se opõe ao museu, mas pede para contextualizar o acervo exposto com os crimes cometidos na época.
Antifascistas e defensores da memória histórica advertem que o novo museu pode converter-se num local de peregrinação para fascistas.
Em contrapartida, os apoiantes do projeto advogam que o museu servirá para clarificar um período polémico da história italiana que não foi adequadamente ensinado nas escolas.
"Não nos interessa demonizar nem defender a era fascista", afirmou uma das apoiantes, Lisa Cervigni, diretora do Museu de Salò, que retrata a história da localidade.
Salò foi a capital do Estado-fantoche de Benito Mussolini entre 1943 e 1945, em plena Segunda Guerra Mundial.
O Estado-fantoche, apelidado como República Social Italiana, foi estabelecido em setembro de 1943, após o armistício de Cassibile na parte norte de Itália não controlada pelos aliados, tendo sido derrubado pela Resistência italiana.
Itália é atualmente governada pela extrema-direita, tendo como primeira-ministra Giorgia Meloni, líder do partido Irmãos de Itália, herdeiro direto do Partido Nacional Fascista.
O presidente do Senado, Ignazio La Russa, foi recentemente filmado em casa junto a bustos de Mussolini.