Jamila al-Shanti, a militante, deputada e viúva de fundador do Hamas foi morta por Israel
Um ataque aéreo israelita na noite de quarta-feira matou Jamila Abdallah Taha al-Shanti, anunciou esta quinta-feira o Hamas. Mas quem era uma das mulheres mais poderosas dentro da organização islamita palestiniana?
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Jamila al-Shanti tinha 68 anos e foi morta em casa, na cidade de Gaza. Em comunicado citado pelo portal israelita Ynetnews, o Hamas disse que a vida da militante foi "caracterizada pela abnegação e sacrifício pelo progresso da causa palestiniana". "Ela foi fundamental em esforços parlamentares, académicos, políticos, interpretativos e educacionais", completou.
Al-Shanti era viúva de Abdel Aziz al-Rantisi, fundador do grupo islamita na década de 1980. Al-Rantisi foi morto por um míssil disparado pela Força Aérea de Israel, num ataque em abril de 2004.
A militante foi eleita, em 2006, deputada no Conselho Legislativo da Palestina, quando o Hamas conquistou a maioria no órgão legislador. Desde 2007, no entanto, o Parlamento palestiniano está suspenso devido aos conflitos entre a organização que tomou o poder na Faixa de Gaza e o partido secularista Fatah, com sede na Cisjordânia.
Fundadora do movimento feminino do Hamas, a parlamentar tornou-se um alvo após promover uma marcha com centenas de mulheres, em novembro de 2006, contrárias ao cerco que as Forças de Defesa de Israel (FDI) faziam a dezenas de militantes palestinianos que estavam na mesquita de Umm al-Nasr. A estrutura de quase 800 anos foi quase totalmente destruída pelos bombardeamentos israelitas, enquanto duas mulheres na marcha foram mortas pelas FDI. Três dias depois, a casa de Al-Shanti sofreu um ataque áereo, resultando na morte da cunhada e de outras duas pessoas, segundo o portal Middle East Monitor.
Ministra com doutoramento
Nascida no campo de refugiados de Jabalia, em Gaza, al-Shanti chegou a ser ministra da Mulher no Governo liderado pelo Hamas em Gaza, em 2013. No mesmo ano, obteve um título de doutoramento em Administração Educaional, nos Emirados Árabes Unidos. A militante palestiniana falava também inglês, destacou o diário "O Globo".
Em 2021, Jamila al-Shanti e Fatima Shurab foram as primeiras mulheres a ingressarem no gabinete político do Hamas, composto por 20 membros. De acordo com a agência France-Presse, as nomeações foram interpretadas, na época, como um sinal positivo à comunidade internacional, já que indicaria uma abertura do grupo islamita a representação feminina.
Al-Shanti foi mais um dos líderes do Hamas mortas desde que Israel começou a retaliação pela invasão promovida pela organização palestiniana, a 7 de outubro. Outras figuras de importância no movimento mortas pelas forças israelitas incluem as do chefe dos Comités de Resistência Popular, Rafat Harev Hossein Abu Halale, e do comandante das Forças de Segurança Nacional em Gaza, Jehad Mheisen.