Japão promete "medidas radicais" para resolver fuga de água radioativa
O governo japonês e o operador da central nuclear de Fukushima prometeram, esta segunda-feira, "medidas urgentes radicais" para resolver o problema da água contaminada em reservatórios, cuja fiabilidade foi posta em causa por uma fuga.
Corpo do artigo
"Vamos rever a fundo a forma como esta água é gerida", declarou o presidente da Tokyo Electric Power (TEPCO), Naomi Hirose, ao anunciar a constituição de uma célula especial que vai liderar.
"O governo não pode deixar a TEPCO ocupar-se de tudo. Deve tomar a iniciativa e implicar-se mais, que é o que vamos fazer", afirmou o ministro da Indústria japonês, Toshimitsu Motegi, depois de conhecer os danos.
Um dos 300 reservatórios cilíndricos de água altamente radioativa, colocados no local, deixou vazar 300 toneladas de líquidos antes dos técnicos se terem dado conta, há uma semana.
Ao todo, um milhar de cubas de vários tipos e capacidades foram instaladas na central para armazenar milhões de litros de água contaminada, cuja quantidade aumenta todos os dias.
"É lamentável que esta fuga de água radioativa tenha acontecido", declarou o porta-voz do governo nipónico, Yoshihide Suga, num encontro regular com a imprensa.
"Como é possível que [a fuga] não tenha sido detetada mais cedo?", questionou Motegi, perante responsáveis intimidados, de acordo com as imagens difundidas pelos media.
"Consideramos este problema da água como um dos mais importantes e mais urgentes a resolver, a nível da direção", garantiu Hirose, que acompanhava Motegi.
Hirose apresentou o novo plano da TEPCO, que inclui a constituição de várias equipas especiais para, no terreno, controlarem, manterem e gerirem seriamente os reservatórios, "uma vez que é óbvio que houve falhas".
"Vamos afetar mais 50 pessoas para as patrulhas", que efetuam normalmente duas rondas de controlo visual por dia, explicou.
A TEPCO prevê também adotar um sistema de câmaras termográficas para quantificar o nível de água no interior dos reservatórios. Os equipamentos para medir a radioatividade nas áreas circundantes serão multiplicadas. "Todas estas medidas urgentes serão aplicadas rapidamente", sublinhou Hirose.
O grupo vai estudar soluções mais perenes para minimizar os riscos, incluindo a substituição dos reservatórios do mesmo tipo do que registou a fuga de milhares de litros de água.
Esta fuga, ocorrida após diversas avarias devidas a água radioativa, foi qualificada de "grave" pela autoridade japonesa independente de regulação nuclear.
Divulgado de forma pouco cuidada pela TEPCO, este incidente é um dos mais graves desde "a estabilização oficial" da central, em dezembro de 2011, e suscitou novas preocupações no Japão e no estrangeiro.
Desde o acidente nuclear de 11 de março de 2011, que se seguiu ao gigantesco 'tsunami' desencadeado por um violento sismo ao largo da costa nordeste do arquipélago, as operações de arrefecimento de emergência e o arranque dos procedimentos habituais de arrefecimento dos reatores deixaram contaminada quantidades maciças de água.
De acordo com vários peritos, o problema da água só poderá ser resolvido com a entrada em funcionamento pleno de um potente sistema de descontaminação, acompanhado por uma solução fiável de armazenamento. O dispositivo de filtragem de elementos radioativos em funcionamento até ao momento não foi suficiente e está atualmente a ser reparado.