Joe Biden é a figura internacional do ano: o mais velho cidadão a "tomar conta" dos EUA
Joe Biden terminou com uma das mais polémicas presidenciais da história norte-americana. O democrata bateu o republicano Donald Trump e toma posse a 20 de janeiro, aos 78 anos.
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Provavelmente, ficará mais conhecido por afastar Donald Trump da Casa Branca do que pela circunstância de ser o 46.º presidente dos Estados Unidos. Seja como for, Joe Biden é uma das figuras de 2020. Aliás, em termos internacionais, é mesmo aquela que os leitores do "Jornal de Notícias" escolheram como a mais relevante deste ano.
O democrata, parte da História da política norte-americana por meio século como senador e vice-presidente, completou uma longa escalada até ao topo da montanha institucional dos EUA, que incluiu duas tentativas fracassadas de chegar à luta pela Presidência, derrotando o chefe de Estado republicano. Quando tomar posse, a 20 de janeiro, Biden, de 78 anos, será o cidadão mais velho de sempre a liderar a Casa Branca.
O democrata de Delaware enfrentou uma campanha amarga e polarizada, apresentando-se como um líder capaz de "curar" uma nação atingida pela pandemia da covid-19 e fornecer estabilidade após a turbulência da Presidência de Trump. "Com a idade, vem um pouco de sabedoria", diz.
Resistiu a tudo. Inclusivamente, aos constantes ataques do agora presidente cessante, que o apelidava de "dorminhoco" e que afirmava que a sua capacidade mental estava diminuída.
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Conseguiu a indicação presidencial democrata após a ter falhado em 1988 e 2008. Desta vez, não falhou e chegou à corrida com forte apoio dos eleitores negros. Ao aceitar a candidatura à Casa Branca, enfatizou a compaixão e a decência, tentando estabelecer um contraste com o belicoso Trump. "Serei um aliado da luz", disse, "não das trevas".
Marcado pela tragédia
A carreira é um misto de experiências no mercado de trabalho - é advogado - e na política externa. A vida privada está marcada pela tragédia: perdeu a primeira mulher e a filha num acidente de viação e um filho devido a um cancro.
Chegou a Washington como um jovem ambicioso. Foi eleito em 1972, aos 29 anos, como senador pelo Delaware e serviu este estado durante 36 anos, antes de ser, entre 2009 e 2017, o vice-presidente de Barack Obama, o primeiro presidente negro do país.
Optou por não se candidatar à Presidência em 2016, numa eleição em que Trump derrotou a democrata Hillary Clinton.
Quando Biden anunciou a candidatura, em abril de 2019, dirigiu-se diretamente a Trump. "Estamos numa batalha pela alma desta nação. Se você for reeleito, alterará para sempre o caráter deste país, que é quem somos, e não posso ficar parado a ver isso".
Venceria e escolheu a senadora Kamala Harris - cujo pai é um imigrante da Jamaica; a mãe veio da Índia - para vice-presidente, tornando-a a primeira mulher negra a ascender ao cargo.
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Apoiante do bipartidarismo
Biden, o mais velho de quatro irmãos, nasceu na cidade operária de Scranton, no estado da Pensilvânia. Mais tarde, a família mudar-se-ia para o Delaware. O futuro militante democrata superou a gaguez de criança recitando trechos de poesia em frente a um espelho.
Era praticamente um novato na política - apenas dois anos num conselho de condado em Delaware - quando se tornou o quinto senador mais jovem na História dos Estados Unidos.
Apesar de anos de hostilidades partidárias em Washington, Biden continuou a acreditar no bipartidarismo. No Senado, era conhecido por estabelecer estreitas relações de trabalho com alguns dos seus colegas republicanos.
Aliás, vários adversários - descontentes e alarmados com a Presidência de Trump - viriam a apoiar Biden na corrida à Casa Branca.
Um dos feitos de Biden como senador foi ajudar a garantir a aprovação da Lei da Violência contra a Mulher, em 1994, para proteger as vítimas de crimes domésticos.
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Ainda no Senado, o agora ex-senador especializou-se em assuntos internacionais e passou a presidir à Comissão de Relações Externas. Votou a favor da invasão do Iraque em 2003, mas viria a tornar-se crítico da forma como o presidente de então, o republicano George W. Bush, lidou com a guerra.