
Primeira página da última edição impressa do "Wiener Zeitung"
Alex HALADA / AFP
O "Wiener Zeitung", jornal diário com sede em Viena, subsistiu desde 1703 e seguirá com a sua atividade online a partir deste sábado. Uma recente alteração na lei resultou numa perda estimada de 18 milhões de euros para o título impresso, detido pelo Governo austríaco.
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O jornal impresso mais antigo do Mundo chegou às bancas austríacas pela última vez esta sexta-feira, na véspera de celebrar 320 anos desde a sua primeira edição. A publicação, que se manterá em formato digital, titulava na primeira página da histórica edição final: "116 840 dias, 3839 meses, 320 anos, 12 presidentes, 10 czares, 2 repúblicas, 1 jornal".
O "Wiener Zeitung" foi publicado pela primeira vez em 8 de agosto de 1703, ainda como "Wienerisches Darium" ("Diário de Viena", em alemão), durante a Monarquia de Habsburgo. Propriedade do Governo austríaco desde 1857, o diário era editorialmente independente e, na sua última edição, assinalou que estes "são tempos tempestuosos para o jornalismo de qualidade", onde o "conteúdo sério disputa a atenção com as 'fake news', os vídeos de gatos e as teorias da conspiração".
De acordo com o jornal "The Guardian", uma recente alteração na lei, aprovada em abril pelo Executivo, terminou com a exigência legal de as empresas pagarem para difundir anúncios públicos na edição impressa do jornal, que também acumulava as funções de Diário da República no país.
O diário sofreu, assim, uma queda acentuada na sua receita, com uma perda estimada em 18 milhões de euros, de acordo com a revista alemã "Der Spiegel", e a sua equipa editorial foi reduzida de 55 para 20 pessoas. O "The Guardian" refere que a tiragem da publicação era, em Abril, de apenas 20 mil exemplares durante a semana.
Ao longo da História, o diário imprimiu nas suas páginas os mais variados acontecimentos: em 1768, relatou um concerto estrelado por um "talento especial" de apenas 12 anos - o seu nome era Wolfgang Amadeus Mozart. Judith Belfkih, diretora-adjunta do "Wiener Zeitung", recorda que "o texto da Declaração dos Direitos Humanos foi impresso" no diário em 1948, após a Segunda Grande Guerra, o único período durante o qual o jornal sofreu uma pausa na sua impressão durante os 320 anos de existência.

