A jornalista iraniana que entrevistou o pai de Mahsa Amini, a jovem cuja morte deu origem a um protesto no Irão, voltou a ser detida numa prisão perto de Teerão, revelou esta terça-feira uma organização de defesa dos direitos humanos.
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Citada pela agência France-Presse, a Associação de Ativistas pelos Direitos Humanos no Irão explica que a jornalista Nazila Maroufian foi detida e transferida para a prisão de mulheres em Qarchak, perto de Teerão.
Nazila Maroufian foi detida dois dias depois de ter sido libertada da prisão de Evine, em Teerão, e de ter divulgado uma imagem nas redes sociais, sem véu a cobrir o cabelo e escrevendo "não aceitem a escravatura".
Nazila Maroufian publicou em outubro, no site de informação Mostaghel Online, uma entrevista ao pai de Mahsa Amini, a jovem mulher iraniana que morreu em setembro, depois de ter sido detida pela polícia moral por usar incorretamente o véu islâmico.
Na entrevista, o pai de Mahsa Amini disse que a polícia iraniana mentiu sobre as causas da morte da jovem e que a filha terá sido atingida na cabeça enquanto estava sob custódia policial.
Por causa da entrevista, a jornalista foi informada de que tinha sido condenada a dois anos de prisão com pena suspensa por "propaganda contra o sistema" e por "espalhar notícias falsas".
A jornalista já tinha sido detida e libertada por duas vezes desde novembro.
Desde a morte de Mahsa Amini, muitas iranianas deixaram de usar véu, peça que representa para elas uma forma visível da discriminação que sofrem, que vai muito para lá da obrigatoriedade de cobrir a cabeça.
As autoridades iranianas têm recorrido a diversos métodos para repor o uso do véu islâmico com o regresso às ruas da temida polícia da moral e castigos como limpar cadáveres ou esfregar edifícios públicos.
O presidente do Irão, Ebrahim Raisí, disse na semana passada que "isto de tirar o véu vai acabar definitivamente" e acusou as mulheres que não o usam de serem "umas inconscientes".