Um jovem de 14 anos foi contratado por um traficante para executar um rival, em Marselha, como vingança por um outro homicídio violento. Acabou detido, depois de matar um inocente, por ter sido denunciado pelo mandante do crime. Cidade francesa vive momentos de violência relacionado com o tráfico de droga.
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Dois homicídio de extrema violência na última semana são apenas dois capítulos na onda de violência resultante da guerra pelo controlo do tráfico de droga na região de Marselha, entre os grupos Mafia DZ, Yoda e Blacks. Na última sexta-feira, um condutor da Bolt e futebolista amador foi morto com um tiro na nuca quando trabalhava, vítima colateral desta guerra.
Nessim Ramdane, de 37 anos, aceitou uma viagem com duas pessoas, sem saber que uma delas era um rapaz de 14 anos homicida ao serviço de um chefe do grupo Mafia DZ. O rapaz foi contratado pela Internet para matar um elemento de um gangue rival, a troco de 50 mil euros. Durante o percurso da viagem, o atirador avistou o alvo na rua e mandou o motorista parar, mas como ele não obedeceu matou-o com um tiro na nuca, no bairro de Belle-de-Mai. "É uma vítima que não tem ligação com o tráfico de drogas, nem de perto nem de longe. Estava a fazer o seu trabalho", revelou em conferência de imprensa Nicolas Bessone, procurador de Marselha, numa conferência de imprensa este domingo de manhã.
O assassino fugiu e conseguiu esconder-se nas proximidades, com a polícia no seu encalço. O trabalho das autoridades foi facilitado pouco depois, com uma denúncia inédita naquela região: um cabecilha da Mafia DZ que se encontra preso ligou da prisão para a esquadra a afirmar que tinha pagado pelo homicídio e a revelar onde se encontrava o rapaz de 14 anos que tinha matado o motorista. A denúncia terá sido feita, revela o jornal "La Provence", por incumprimento do contrato, já que o objetivo seria matar e queimar o rival, que acabou por sair ileso do caso. "Esta forma de reivindicação é nova, teremos que analisá-la. Talvez esteja ligada à personalidade megalomaníaca do mandante", explicou Bessone, salientando a "perda de pontos de referência", que faz com que rapazes respondam a anúncios para tirar a vida a alguém "sem qualquer reflexão".
Interrogado pelas autoridades, o jovem, institucionalizado desde os nove anos porque os pais estão presos por tráfico de droga, confessou o crime, mas garantiu que matou o condutor sem intenção, quando o intimidava com a arma que lhe tinha sido dada para cometer o homicídio. O mandante do assassinato foi identificado através do número usado para o telefonema e retirado da prisão de Luynes, para ser ouvido no caso.
Motivo da vingança
Este homicídio a soldo que culminou, na última sexta-feira, com a morte de Nessim Ramdane foi ordenado como retaliação depois de um outro homicídio violento. Desta feita, um jovem de 15 anos associado ao grupo Mafia DZ tinha sido pago dois mil euros, pelo mesmo recluso que mais tarde contratou o assassino de 14 anos, para ir a Felix-Pyat, a casa de um recluso rival, do grupo Blacks, disparar contra a porta e queimá-la.
Só que a missão de intimidação falhou, já que o rapaz foi detetado nas escadas do prédio, desarmado e morto. Foi esfaqueado 50 vezes e queimado vivo, em Fonscolombes. “Selvajaria sem precedentes”, considerou o procurador francês que tem em mãos os dois casos. Marselha, a segunda maior cidade francesa, já assistiu a 17 homicídio relacionados com o tráfico de droga desde o início do ano.