Uma tibetana de 17 anos imolou-se pelo fogo, na noite de domingo, na província chinesa de Qinghai, no oeste do país, aumentando para 33 o número de casos em cinco semanas.
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Bhenchen Kyi imolou-se pelo fogo na região de Tongren, enquanto gritava "longa vida ao Dalai Lama" e "que o povo tibetano prevaleça durante dezenas de milhares de anos", pelas 20.00 horas locais (12.00 horas de domingo em Portugal continental).
A adolescente acabou por morrer no local, devido à gravidade dos ferimentos, tendo o seu corpo sido removido por tibetanos.
Segundo a agência tibetana Phayul, Bhenchen Kyi tinha dado conta das suas intenções a alguns colegas, garantido que se imolaria pelo fogo numa área remota e não no centro da cidade, para que as autoridades chinesas não levassem o seu corpo.
Desde 2009, ocorreram 95 casos de imolação pelo fogo, os quais resultaram em pelo menos 80 mortos.
Este tipo de protesto tem-se multiplicado nas últimas cinco semanas, após a realização, em Pequim, do XVIII Congresso do Partido Comunista da China, que designou Xi Jinping como novo líder.
Desde então, 33 tibetanos imolaram-se pelo fogo para exigir a independência do Tibete, dos quais pelo menos 23 morreram.
No domingo, as autoridades chinesas deram conta da detenção de dois tibetanos na província de Sichuan por terem alegadamente incitado outros oito a imolarem-se pelo fogo.
Os detidos são Lorang Konchok, um monge de 40 anos do mosteiro de Kirti e o seu sobrinho, Lorang Tsering.
Segundo a versão oficial, Lorang Konchok enviava informações sobre os incidentes de imolação pelo fogo a uma organização independentista vinculada ao Dalai Lama, líder espiritual tibetano.
O anúncio da detenção é o primeiro desde que a imprensa oficial chinesa revelou, na quarta-feira, uma mudança na legislação, ao abrigo da qual qualquer pessoa suspeita de incitar ou de ajudar alguém a imolar-se pelo fogo como forma de protesto será acusada de homicídio.
A escalada deste tipo de protestos pela libertação do Tibete, contra a opressão chinesa e a favor do regresso do Dalai Lama, no exílio, tem levado a comunidade internacional a pedir a Pequim para ouvir as reivindicações.
A Free Tibet e outras organizações de defesa dos direitos humanos exigem a Pequim que atenda aos apelos dos tibetanos de modo a acabar com a onda de imolações pelo fogo, enquanto a China acusa o Dalai Lama de incentivar este tipo de protestos com fins políticos.