No âmbito global, é na faixa etária entre os 18 e 35 anos que existe maior abertura para as autocracias, indica um inquérito da Open Society Foundations, publicado esta segunda-feira. Uma grande fatia dos inquiridos acredita que a China será o país mais influente do Mundo em 2030.
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O estudo de opinião, que é realizado anualmente, mostra que os jovens entre os 18 e 35 anos são os cidadãos mais suscetíveis a concordar com a existência de governos autoritários, já que 42% dos inquiridos neste grupo etário observam uma liderança militar como benéfica, ao passo que 35% apoia um poder que desconsidere os maiores pilares da democracia: as eleições e o Parlamento.
Apenas 57% das pessoas desta faixa etária considera que a democracia é preferível a qualquer outra forma de liderança política, em comparação com 71% dos inquiridos mais velhos (o estudo incluiu mais duas faixas etárias: pessoas entre os 36 e 55 anos e indivíduos com mais de 56).
Ainda assim, de uma forma geral, a democracia prevalece como o modelo político preferido nos quatro cantos do globo. O inquérito mostra que 86% dos entrevistados dizem que querem viver num sistema democrático.
Relativamente ao futuro, 32% dos participantes dizem acreditar que a China será o país mais influente do Mundo em 2030, empurrando os EUA para segundo lugar. A juntar a Pequim, o Paquistão, o Gana, a Argentina e a Turquia são alguns dos países que mais acreditam na ascensão do gigante asiático em detrimento dos EUA. A Ucrânia, em contrapartida, considera que os aliados norte-americanos irão manter, na próxima década, a posição de maior potência internacional.
Questionados sobre os estados que mais se alinham com os seus valores pessoais, os entrevistados selecionaram os EUA e o Reino Unido, sendo que apenas 10% gostaria que o Governo do próprio país contraísse empréstimos da China.
Violência política ensombra população
O barómetro da instituição norte-americana espelha ainda que a violência política é um medo palpável, já que 58% dos cidadãos estão preocupados que a agitação que se vive nos próprios países possa espoletar ataques ou atitudes agressivas no próximo ano. No caso dos EUA, onde em 2024 se vão realizar eleições presidenciais, 67% dos inquiridos indicam estar inquietos com esta possibilidade.
As questões ambientais, por sua vez, são vistas como um dos maiores problemas atuais, com 70% das pessoas a mostrarem-se preocupadas com a possibilidade de as alterações climáticas afetarem as suas vidas em breve, sendo que o tema é classificado como a questão mais importante que o Mundo enfrenta, seguindo-se a pobreza e a desigualdade.
A nível nacional, a corrupção é vista como o maior desafio interno, com os participantes a mostrarem pouca confiança nos políticos na maioria dos países inquiridos.
O inquérito da Open Society Foundations contou com a participação de mais de 36 mil pessoas de 30 países, selecionados de modo a refletir a maior diversidade geográfica, económica e política possível. Portugal não esteve envolvido no estudo.