Juan Carlos disse, esta segunda-feira, que abdica do cargo de rei de Espanha a favor de uma nova geração "que reclama papel de protagonista" e que é capaz de enfrentar "com determinação" as mudanças e reformas que a atual conjuntura "exige". Veja o vídeo.
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"Hoje merece passar à primeira linha uma geração mais jovem, com novas energias, decidida a empreender com determinação as transformações e reformas que a conjuntura atual está a exigir", disse, numa declaração aos espanhóis.
Numa comunicação ao país através da televisão e da rádio, o monarca agradeceu a ajuda da rainha e disse que Felipe possui a "maturidade, preparação e compromisso necessários" para ser o próximo chefe de Estado, tendo recordado que conta com o apoio da princesa Letízia.
"Quero o melhor para Espanha", realçou, tendo acrescentado que Felipe "encarna a estabilidade, é um sinal de identidade para assegurar a estabilidade".
Ao despedir-se, disse: "Guardarei sempre a Espanha no mais profundo do meu coração".
"A minha única ambição continua a ser contribuir para o bem-estar, progresso e liberdade dos espanhóis. Quero o melhor para Espanha, a que dediquei toda a minha vida, colocando todas as minhas capacidades, empenho e trabalho", disse.
Numa declaração de cerca de 10 minutos, feita a partir do Palácio da Zarzuela, Juan Carlos dirigiu-se "a todos os espanhóis" para transmitir "com particular emoção" as razões da histórica decisão.
"Quis ser rei de todos os espanhóis. Senti-me identificado e comprometido com as vossas aspirações. Celebrei com os vossos êxitos e sofri com a vossa dor", disse.
Referindo-se à conjuntura atual, Juan Carlos disse que "a longa e profunda crise económica" de que padece o país "deixou sérias cicatrizes no tecido social", apesar de estar agora "a assinalar um caminho de futuro carregado de esperança".
"Estes difíceis anos permitem fazer um balanço autocrítico dos nossos erros e limitações como sociedade, de reviver a consciência orgulhosa do que temos sabido e sabemos fazer, e temos sido e somos: uma grande nação", considerou.
Agora, disse, chegou a vez do filho, alguém que "encarna a estabilidade, identitária da monarquia" e está em "melhores condições de continuar".
"Tem a maturidade, sentido de responsabilidade necessários para assumir com plenas garantias a chefia do Estado e abrir uma nova etapa de esperança, representando o convívio da experiência adquirida e o impulso de uma nova geração", disse, considerando que o seu filho terá "todo o apoio" da princesa Letizia.
Juan Carlos recordou que quando foi proclamado rei assumiu "o firme compromisso de servir os interesses gerais de Espanha" e que o país se tornasse numa "democracia moderna".
Encabeçou, disse, com entusiasmo, uma "tarefa nacional" que ajudou a que os cidadãos pudessem eleger os seus representantes e a realizar "a transformação de que Espanha tanto necessita".
"Quando olho para trás não posso senão sentir orgulho e gratidão a vós. Por tudo o que conseguimos estes anos e pelo apoio que me deram, para fazer do meu reinado, mesmo em momentos de grande incerteza, um grande período de paz, liberdade, estabilidade e progresso", considerou.
"Expresso a minha gratidão ao povo espanhol, a todos os que encarnaram as instituições e aos que me ajudaram com generosidade e lealdade a cumprir as minhas funções", disse, agradecendo também todo o apoio que sempre teve da rainha Sofia.