Um juiz federal dos Estados Unidos rejeitou um pedido de clemência do Departamento de Justiça e condenou um ex-polícia a 33 meses de prisão por violação dos direitos civis de Breonna Taylor, uma mulher negra cujo homicídio em 2020 deu origem a protestos generalizados.
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Brett Hankison, ex-detetive do departamento de polícia de Louisville, foi condenado por um júri do Kentucky, em novembro, por uma acusação de abuso dos direitos civis de Breonna Taylor, devido a tiros disparados às cegas durante uma rusga policial mal sucedida em casa da vítima e que acabou por não resultar na apreensão de droga, que seria o objetivo inicial.
Numa intervenção invulgar, Harmeet Dhillon, o chefe da divisão de Direitos Civis do Departamento de Justiça, pediu à juíza Rebecca Jennings, na semana passada, que condenasse Hankison a cumprir pena - o único dia que passou na prisão aquando da sua detenção. Mas Jennings, que foi nomeada para o tribunal pelo presidente dos EUA, Donald Trump, durante o primeiro mandato como presidente, rejeitou a recomendação e disse que estava preocupada com o memorando de sentença do procurador e os argumentos para clemência, revela o "Louisville Courier Journal". Acabour por o condenadar a 33 meses de prisão e três anos de liberdade vigiada. Hankison enfrentava uma pena máxima de prisão perpétua.
As mortes de Taylor, de 26 anos, e George Floyd, um homem negro de 46 anos assassinado por um polícia branco em Minneapolis em maio de 2020, tornaram-se o foco de uma onda de protestos em massa nos Estados Unidos e a nível global contra a injustiça racial e a brutalidade policial.
Taylor e o seu namorado, Kenneth Walker, estavam a dormir no seu apartamento em Louisville, por volta da meia-noite de 13 de março de 2020, quando ouviram um barulho à porta. Walker, acreditando que se tratava de um assalto, disparou a sua arma, ferindo um agente da polícia à civil e que não se tinha anunciado. A polícia, que tinha obtido um controverso mandado de busca para efetuar uma detenção por tráfico de droga, disparou mais de 30 tiros, ferindo mortalmente Taylor.
Hankison disparou 10 tiros durante a rusga, alguns para um apartamento vizinho e sem ver contra quem disparava, mas não atingiu ninguém. É o único agente da polícia condenado no âmbito da rusga, já que os outros dois agentes envolvidos estavam em troca direta de tiros com Kenneth Walker, o namorado da vítima mortal. Dhillon, no seu memorando de sentença para o juiz, argumentou que uma longa pena de prisão para Hankison seria "injusta".
"Hankison não disparou contra a Sra. Taylor e não é responsável por sua morte", disse ela. "Hankison não a feriu nem feriu mais ninguém no local naquele dia, embora tenha disparado a sua arma de serviço dez vezes às cegas contra a casa da Sra. Taylor."
Em resposta ao veredito de segunda-feira, os advogados da família Taylor observaram que, embora a sentença não refletisse "totalmente a gravidade do dano causado", era "mais do que o que o Departamento de Justiça queria". "Respeitamos a decisão do tribunal, mas continuaremos a denunciar o fracasso do Departamento de Justiça em apoiar firmemente os direitos de Breonna e os direitos de todas as mulheres negras cuja vida é tratada como dispensável", afirmaram num comunicado.
Em maio, o Departamento de Justiça anunciou que ia arquivar os processos instaurados pela administração do antigo presidente Joe Biden contra as forças policiais de Louisville e Minneapolis, que as acusavam de uso excessivo da força e de discriminação racial.