Uma juíza de Marbella, em Málaga, Espanha, determinou que um menino, de um ano, fosse entregue à guarda do pai, que é médico, porque a mãe vive em Muros, na "Galiza profunda" e não na "cosmopolita" Marbella.
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No polémico acórdão, divulgado pelo jornal "La Voz de Galicia", a magistrada, refere que em Marbella a criança será criada numa cidade com "todo o tipo de infraestruturas", com "um bom hospital" e "escolas, públicas ou privadas" onde poderá ser educada.
O acórdão refere que a cidade do Sul de Espanha "oferece múltiplas possibilidades para o bom desenvolvimento da personalidade de uma criança e para que ela cresça em um ambiente feliz".
O que, no entender da magistrada, não acontece em Muros, onde a mãe reside, que está "longe de tudo" e sem opções de trabalho. Refira-se que Muros é uma pequena e pitoresca vila piscatória, situada a cerca de 60 quilómetros de Santiago de Compostela.
Claudia Traba Santos, a advogada da mãe do bebé, considerou, na contestação ao acórdão, que a expressão pressupõe um "absoluto desprezo" e é "discriminatória contra a Galiza e o seu meio rural".
A advogada, citada pelo jornal galego, qualificou a expressão "insultuosa, arcaica e injusta e tão impertinente como imprópria de quem se supõe deve administrar a Justiça em nome do Estado".
"Vamos pedir a anulação pois entendemos que o juiz não agiu com imparcialidade. O que este juiz fez foi discriminar o nosso cliente e insultar o rural da Galiza"", disse Claudia Traba Santos.
A advogado e o colega que a ajuda no processo, Alejandro Zulueta Sánchez, já apresentaram queixa no Conselho Geral da Magistratura e pedem a anulação do despacho e da audiência realizada no Tribunal de Primeira Instância número 7 de Marbella.
"É evidente que [o juiz] tem uma série de preconceitos contra a Galiza e preconceitos contra o nosso cliente. Procuramos apenas um juiz, ou um juiz imparcial, nada mais", referem.
A advogada do pai do menino defendeu a decisão dizendo que a mulher levou a criança ilegalmente para a Galiza.